INTIMIDAÇÃO

Advogada que divulgou retratação do cacique Serere é hospitalizada após ameaças de bolsonaristas

Outro membro da defesa de Serere, que pediu desculpas a Lula e Alexandre de Moraes, afirma que o indígena "foi usado e enganado por radicais"

Advogada de Serere é ameaçada logo após divulgar carta de retratação do indígena.Créditos: Reprodução
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Apoiadores mais fanáticos do ex-presidente Jair Bolsonaro não poupam sequer a defesa do indígena bolsonarista José Acácio Serere Xavante, que se autointitula "cacique" e foi preso a mando do Supremo Tribunal Federal (STF) por incitação e participação em atos antidemocráticos

Uma das advogadas de Serere, Jéssica Tavares, foi ameaçada por radicais de extrema direita após divulgar uma carta de desculpas do indígena na última quinta-feira (7). No documento, o indígena afirmou estar arrependido de ter participado de atos golpistas e ainda pediu desculpas ao presidente Lula (PT) e ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

“Peço, humildemente, desculpas ao povo brasileiro por eventuais declarações exageradas que fiz, ao criticar o sistema eleitoral brasileiro. Da mesma forma, peço desculpas ao STF, ao TSE, ao presidente irmão Lula, ao irmão Alexandre”, diz trecho da carta. 

Logo após a divulgação da retratação, Jéssica Tavares recebeu mensagens intimidadoras de detratores que supostamente moram nos Estados Unidos. Eles ameaçaram promover um ataque hacker contra a advogada. 

Segundo o jornalista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, a defensora, após receber as ameaças, passou mal e deu entrada em um hospital de Brasília na noite de quinta-feira. 

Através das redes sociais, o advogado João Pedro Mello, que também compõe a defesa de Serere, afirmou que seu cliente foi "usado e enganado por radicais"

"Um membro do povo originário desta terra, usado e enganado por radicais - que agora, valentemente, reconhece o erro e pede desculpas ao povo brasileiro", escreveu Mello. "Estamos sob ameaças de radicais que não aceitam uma defesa fundada no diálogo", disse ainda. 

Prisão provoca atos de terrorismo em Brasília

A prisão de Serere em 12 de dezembro provocou uma série de atos terroristas por parte de vândalos bolsonaristas, em Brasília. Houve, inclusive, a tentativa de invasão da sede da PF e a depredação de uma delegacia da Polícia Civil. Os criminosos ainda atearam fogo em carros e ônibus.