FATOS NOVOS

Novo cadáver é identificado na misteriosa chacina de uma família inteira no DF

Crime registrou dois carros queimados e 6 corpos carbonizados; Polícia aponta brigas, traições e dinheiro como motivação

Carro carbonizado encontrado em Cristalina (GO).Novo cadáver é identificado na misteriosa chacina de uma família inteira no DFCréditos: Reprodução/Polícia Militar de Goiás
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A Polícia Civil do Distrito Federal identificou nesta quinta-feira (19) o sétimo corpo envolvido na chacina de uma família inteira, além de dois novos desaparecidos. As polícias civis de Goiás e Minas Gerais também participam da investigação, que conta com 6 corpos carbonizados encontrados em 2 carros queimados dentro dos respectivos estados, além da descoberta de um cativeiro no DF.

Tudo começou na sexta-feira da semana passada (13), quando um carro foi encontrado queimado em Cristalina (GO), com quatro corpos carbonizados dentro. Mais tarde verificou-se que o carro e um dos corpos pertenciam a Elizamar Silva, de 39 anos, dona de um salão de beleza na Asa Norte em Brasília. Os outros corpos eram dos seus filhos pequenos Gabriel de 7 anos e do casal de gêmeos de 6 anos, Rafael e Rafaela.

Acima: Elizamar Silva e seus filhos Gabriel e Rafael. Abaixo: Thiago Gabriel, Rafaela e Renata Luciene. Reprodução/Redes Sociais

Mãe e filhos pequenos já haviam sido relatados como desaparecidos pelos filhos mais velhos, de 18 e 24 que felizmente estão ‘são e salvos’ apesar da tragédia. Eles relataram que a mãe desapareceu no dia anterior (12) quando foi buscar o marido, Thiago Gabriel Belchior de Oliveira  (30), na casa dos sogros Marcos Antônio Lopes de Oliveira (54) e Renata Juliene Belchior (52).

Thiago Gabriel Belchior de Oliveira  (esq) e seu pai Marcos Antônio Lopes de Oliveira (dir)

No sábado (14), ao mesmo tempo em que se constatava os sumiços de Thiago, Marcos Antônio, Renata Juliene e a filha Gabriela Belchior de Oliveira (25 anos – cunhada de Elizamar), um novo carro queimado era encontrado. Dessa em Unaí (MG) e com dois corpos carbonizados. Mais tarde a polícia confirmou que o carro era de propriedade de Marcos Antônio e os corpos de Gabriela e Renata Juliene.

Na última terça-feira (17) a PCDF anunciou a prisão de Fabrício Silva Canhedo (34) ao descobrir um cativeiro para onde Gabriela e Renata Juliene foram levadas e mantidas por 5 dias até serem executadas – ele seria o responsável pela guarda do local.

Renata Juliene e a filha Gabriela. Reprodução/Redes Sociais

Na mesma data, anunciou a primeira tese para o crime a partir de depoimento de outro suspeito pelos assassinatos, Horácio Carlos Barbosa, de 48 anos, preso mais cedo junto com Gideon Batista de Menezes, 55, no condomínio onde Marcos Antônio e Renata Juliene moravam. Gideon ficou em silêncio durante o depoimento.

Encontrado com marcas de queimaduras nas mãos, Horácio confessou o crime à polícia. Também apontou que os mandantes seriam Thiago e Marcos Antônio e que teriam oferecido uma quantia de R$ 100 mil pela execução do crime. A ideia seria subtrair R$ 400 mil de Elizamar – obtidos por empréstimo para investir no salão de beleza – e matá-la em seguida. Mas que as coisas saíram do controle.

A começar pelo fato de que não esperavam que Elizamar estivesse acompanhada pelos três filhos pequenos e, em seguida, após decidirem que as crianças também seriam mortas, não contaram com a resistência da trabalhadora. De acordo com seu depoimento, ela foi a primeira a morrer estrangulada. Em seguida asfixiaram as crianças e levaram os 4 corpos, no carro, até Cristalina para serem queimados.

De acordo com Horário, Thiago teria tirado a vida de um dos filhos antes de atear fogo no carro da esposa.

E após o descontrole se instalar de vez, vieram as mortes de Renata Juliene e Gabriela. Renata havia acabado de vender um imóvel em Santa Maria (DF) e além disso é possível que tenha se tornado um alvo ao tomar conhecimento do que estava acontecendo. Elas ficaram por cerca de cinco dias no cativeiro, localizado em Planaltina (DF), antes de serem mortas por asfixia e terem os corpos queimados junto do carro de Marcos Antônio.

Horácio ainda relatou um possível caso de traição conjugal e a participação da amante de Marcos Antônio no crime. Além disso, os filhos mais velhos de Elizamar também relataram constantes brigas entre a mãe e o marido Thiago.

A partir do depoimento de Horácio, as polícias civis do Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais, que investigam o caso, já começam a montar a versão da investigação. No entanto, como Thiago e Marcos seguiam desaparecidos, ainda havia esta lacuna, que começa a ser preenchida nesta quinta-feira (19). Apesar de serem apontados por Horário como mandantes dos crimes, e a polícia considerar seriamente a hipóteses, também trabalha com a possibilidade de que sejam vítimas.

Nesta quinta-feira (19) foi identificado o corpo encontrado no cativeiro de Planaltina (DF) como sendo de Marcos Antônio Lopes de Oliveira. Dessa forma, dos 8 desaparecidos inicialmente, apenas o corpo de Thiago Gabriel ainda segue com o paradeiro desconhecido. Mas não acaba por aí. Há mais dois novos desaparecidos do caso.

Claudia Regina Marques de Oliveira, ex-mulher de Marcos Antônio e apontada como sua amante, e sua filha Ana Beatriz Marques de Oliveira, seriam uma espécie de segunda família do patriarca. Elas também estão com o paradeiro desconhecida e foram apontadas no depoimento de Horácio.

Claudia e Ana Beatriz. PCGO/Divulgação

Como saldo final, há 7 corpos parcialmente identificados – 6 deles carbonizados junto a dois carros da família. Tudo leva a crer, segundo a investigação, que se trata das pessoas apontadas acima. No entanto, ainda haverá a identificação oficial da perícia. Além deles, Thiago Gabriel (marido de Elizamar e pai das crianças pequenas mortas) está desaparecido, assim como Claudia e Ana Beatriz que recém entram na lista.

A ‘segunda família’ de Marco Antônio já estava desaparecida desde o último final de semana e, segundo o delegado Ricardo Viana, da 6a Delegacia de Paranoá (DF), que investiga o caso, Claudia teria R$ 40 mil em dinheiro vivo após a venda de um imóvel. Para o delegado, a principal motivação para esse crime cercado de mistérios é financeira. Mas será só isso?