Um vereador bolsonarista da cidade de Maricá, no interior do Rio de Janeiro, pode ser cassado por apoiar os ataques terroristas em Brasília contra as sedes dos Três Poderes. O pedido de cassação do vereador Ricardinho Netuno (Republicanos), descrito como um clássico apoiador do ex-presidente em especial sua política de armamento, foi protocolado na última segunda-feira (9) pelos vereadores Hadesh (PT) e Igor Corrêa (PC do B).
Os vereadores apontam que Ricardinho Netuno usa suas redes sociais e a posição na Câmara Municipal para incentivar e fortalecer atos antidemocráticos. Em rápida passagem por sua página no Facebook é possível observar que Netuno reproduz, entre outras narrativas, a de que a depredação teria sido cometida por “esquerdistas infiltrados”. Também há uma postagem sobre a caminhada de Lula com governadores pelo Supremo Tribunal Federal, principal alvo dos vândalos, em que acusa o presidente de não se solidarizar com o povo que estaria em um “campo de concentração” após a tentativa frustrada de golpe de estado.
“O povo brasileiro, em resposta ao duro golpe sofrido, contra a democracia, acabou de ocupar o Congresso Nacional! VAMOS PRA CIMA! Se o povo não puder garantir sua liberdade, ninguém poderá!”, afirmou Ricardinho Netuno em publicação logo após receber a notícia da eclosão dos atos terroristas. Ele tem cerca de 40 mil seguidores – a cidade de Maricá tem 200 mil habitantes de acordo com prévia do censo de 2023.
No entanto, apesar dos prints feitos, o vereador apagou a publicação e, em seu lugar, publicou o seguinte: "Repúdio (SIC) veementemente todos os ataques às instituições e aos prédios públicos que aconteceram no dia de ontem em Brasília! Neste momento precisamos de calma e diálogo".
De acordo com Hadesh e Igor Correa, é preciso que a conduta de Netuno seja amplamente debatida na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar para que se estabeleça parâmetros entre o que é ‘liberdade de expressão’ e o que é ‘impunidade para discursos de ódio e negacionismos’, que invariavelmente desdobram para a prática de crimes.
Na ação protocolada por eles, há um pedido além da cassação, que ainda deve passar por todos o trâmites internos da Câmara Municipal. Pede-se que o Ministério Público também investigue Ricardinho Netuno e que sejam recolhidas eventuais armas de fogo que ele possua.