A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) reagiu às abordagens feitas pelo governo para mobilizar empregados do banco a comparecerem ao desfile militar de 7 de Setembro, em Brasília. Reportagens publicadas nos últimos dias informam que “lotes de convites” para o desfile na Esplanada dos Ministérios, com a presença de Bolsonaro, foram encaminhados à Caixa e a outros órgãos públicos para serem distribuídos a trabalhadores do Executivo.
"A direção da Caixa pode dizer que é convite; mas, na prática, é muito diferente”, afirma o presidente da Fenae, Sergio Takemoto. “O empregado se sente constrangido, com medo de não comparecer e sofrer retaliações. Sabemos que isso acontece. Infelizmente, a cultura do assédio e a gestão pelo medo ainda continuam ocorrendo no banco público", ressalta.
De acordo com uma das reportagens, mensagens internas foram encaminhadas pela direção da Caixa Econômica a vice-presidentes da empresa para que eles repassassem os convites às superintendências e diretorias da estatal. "A Caixa segue sendo ferramenta de uso político do governo Bolsonaro e de assédio moral", enfatiza o presidente da Fenae.
Outra reportagem, publicada neste final de semana, informa que “lotes de ingressos” para o desfile de 7 de Setembro foram distribuídos de forma “massiva” a ministérios e estatais, como a Caixa. Integrantes de órgãos públicos de governos anteriores — incluindo ex-ministros — afirmaram, sob reserva, que esse tipo de convocação não ocorria antes.
Como observa Sergio Takemoto, pesquisa divulgada este ano pela Federação revelou o aumento da quantidade de empregados do banco submetidos a assédio moral: 6 em cada 10 bancários afirmaram ter passado por este tipo de situação. Em estudo anterior encomendado pela Fenae à Universidade de Brasília (UnB), o índice chegava a 53,6%.
Moção — Em solidariedade às empregadas da Caixa vítimas de assédio sexual, conforme denúncias tornadas públicas nos últimos meses, o Conselho Deliberativo Nacional da Fenae divulgou Moção de apoio às trabalhadoras, cobrando agilidade na apuração dos casos formalizados ao Ministério Público Federal e à direção do banco.
“Denúncias tão graves não podem cair no esquecimento”, destaca o manifesto, que reforça a defesa de penalização dos responsáveis nos casos que forem comprovados pelas investigações.
“A banalização do assédio, historicamente, tem contribuído de forma decisiva para a impunidade de agressores. Não podemos permitir que isso se repita na Caixa, uma empresa reconhecida por sua atuação social em prol da redução das desigualdades sociais”, destaca a Moção. “Vivemos tempos em que a sociedade clama por respeito aos direitos das mulheres e repudia todas as formas de violência”, reforça o manifesto.