Uma petição pra lá de incomum (e delirante) foi impetrada por um advogado do Paraná na Vara Criminal do município de Marechal Cândido Rondon. Nela, o autor pede à Justiça que condene por homicídio o cantor, músico e compositor já falecido Raul Seixas, que seria o responsável pela morte de Pedro Luís Orleans e Bragança, um descendente da família imperial brasileira que perdeu a vida na trágica queda do voo 447, da Air France, que saiu do Rio de Janeiro com destino a Paris, em 1° de junho de 2009.
Se já não bastasse a atribuição de culpa ao artista genial de nossa música por uma morte causada num desastre aéreo que vitimou outras 227 pessoas, o acidente ainda por cima ocorreu 20 anos após Raulzito nos deixar, em 1989.
Se o leitor espera uma trama esquisita, mas com alguma “lógica” dentro do delírio desenvolvido na narrativa do advogado, engana-se. A argumentação contida na petição é uma mistureba de fatos desconexos e outros totalmente descabidos.
O homem que acionou a Justiça se diz descendente de um nobre alemão que veio viver no Brasil há mais de 100 anos, o que de alguma forma o ligaria à vítima do acidente aéreo, que era descendente de Dom Pedro II. Ele se diz músico e teria recebido um registro profissional da categoria, em 2002, justamente com o número 1989, que é o ano da morte de Raul Seixas.
Pouco antes de morrer, naquele ano, o autor de ‘Maluco Beleza’ se apresentou num show em Ponta Grossa, cidade natal do advogado. Ele diz que relacionou todos esses “fatos” e chegou a essa conclusão por ser conselheiro e diretor da Ordem dos Músicos do Paraná.
A cidade escolhida para entrar com o pedido judicial, Marechal Cândido Rondon, de acordo com o autor da ação, foi escolhida pelo fato de Raul ter se apresentado lá em 1976. Segundo seus argumentos, qualquer cidade onde o músico fez show poderia ser considerada jurisdição para sua solicitação de condenação do mítico artista.
Na introdução de sua petição, o advoga gaba-se de ter recebido o título informal de “dinossauro do Rock”, pelo fato de atuar nesse segmento musical por mais de 25 anos. Ele diz coisas também sobre usar o nome de bandas de rock de maneira colaborativa para ficar com os lucros provenientes da exploração de uma marca, o que faz com ele peça ao juiz que a extinta banda canadense Rush (não pergunte o que isso tem a ver com a morte do príncipe e a culpa de Raul) lhe conceda tais direitos para "cessar assim os efeitos espirituais sobre os pilotos de aviões".
Por fim, a inusitada ação solicita que Raul Seixas seja intimado a se manifestar “em seu plano espiritual correspondente”.