Após audiência de instrução realizada nesta quarta-feira (28) a respeito do processo que apura o assassinato do guarda municipal petista Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu (PR), os advogados da vítima soltaram nota pedindo à Justiça que o réu, o policial penal bolsonarista Jorge Guaranho, permaneça preso e que o processo vá a júri popular. Além disso, também pede que terceiros sejam investigados por apologia ou associação ao crime. Arruda foi assassinado a tiros em sua festa de aniversário.
“Conforme os fatos - inclusive imagens - trazidos aos autos até o momento, demonstrado está que ocorreu crime contra a vida motivado por ódio em face de razões políticas. O homicídio qualificado é crime hediondo, qualquer que seja a qualificadora. Além da vítima, o assassino colocou a vida de dezenas de pessoas em risco, o que indica que a atitude corajosa de Marcelo, ao repelir a injusta agressão, evitou que mais pessoas fossem mortas”, dizem os advogados.
A nota também informou que, alegando amnésia, o réu não respondeu a nenhuma das perguntas feitas a respeito do fato criminoso. Incluindo as do próprio juiz que, a pedido da defesa de Guaranho, permitiu a apresentação de depoimento e argumentos da defesa do réu por escrito. Dessa maneira, deve ser adiada a decisão da audiência sobre o processo ir ou não a juri popular. O juiz concedeu prazo para manifestação final do Ministério Público e advogados da vítimas, depois a defesa do réu terá dez dias para protocolar os argumentos e então sairá a decisão.
Já o Ministério Público e os assistentes de acusação convergem no sentido de que estão provados os fatos descritos na denúncia e que, por isso, o réu “Jorge Guaranho deve responder por homicídio duplamente qualificado”. Os advogados de Arruda ainda chamam atenção para a escala de episódios de violência política vividos no país após o caso ocorrido em Foz do Iguaçu e defendem que a apuração “exemplar” do processo pode contribuir com o fim dos episódios. De acordo com Datafolha de 15 de setembro, 67,5% dos brasileiros temem ser vítimas de violência política.
“É necessário investigar a influência de terceiros, partícipes ou não, integrantes de grupos organizados ou não, que instigaram o assassino a agir de forma cruel contra Marcelo e as demais pessoas presentes, tendo como mote o ódio político. É possível que seja necessária uma investigação internacional para apurar, até o fim, as responsabilidades de terceiros para com o assassinato e as motivações do assassino. Os familiares de Marcelo Arruda, consternados, desejam e esperam que se faça Justiça”, finaliza a nota.
Em 9 de julho, Marcelo Arruda foi assassinado por Jorge Guaranho aos gritos de “aqui é Bolsonaro”. O agente penal bolsonarista foi avisado que uma festa de aniversário com temática petista estava sendo realizada na região e para lá se dirigiu a fim de cobrar satisfações dos organizadores.
Ao chegar no local, trocou algumas ofensas com os presentes e prometeu voltar armado. Arruda, o aniversariante e anfitrião, que era guarda municipal, levou a ameaça a sério e também se armou. Cerca de 15 minutos se passaram e Guaranho voltou ao local, disparando contra Arruda, que acabou assassinado. No entanto, antes de morrer, a vítima conseguiu revidar e feriu o autor do crime com quatro tiros, impedindo uma tragédia maior. Clique aqui e relembre o caso.