O desabamento do mezanino de uma empresa de comércio e aluguel de contêineres em Itapecerica da Serra (SP) é investigado pela Polícia Civil como homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. Nova pessoas foram mortas na tragédia e 31 ficaram feridas.
Para o delegado Luís Hellmeister, que cuida do caso, há fortes indícios de negligência e imprudência como causas do acidente. Ele explicou para a imprensa que por isso estaria investigando a tragédia como um homicídio culposo. No entanto, caso seja constatada uma falha no projeto de engenharia do mezanino, a linha da investigação pode vir a mudar.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região acionou o Ministério Público do Trabalho no dia da tragédia para que fosse feita uma vistoria no local. Após a vistoria, fiscais do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) informaram que o mezanino não teria autorização para funcionar uma vez que não consta no projeto do prédio encaminhado à prefeitura. Nesta quarta (21), o Crea solicitou que a prefeitura de Itapecerica apresente em 24 horas os documentos a respeito do projeto de engenharia do prédio. A ideia é identificar seu responsável para prosseguir com as investigações.
De acordo com a prefeitura de Itapecerica, a empresa possuía alvará para operar naquele lugar, no entanto, a alteração do caráter do galpão de comercial para industrial estava encalhada há 4 anos. Além disso, o auditório seria feito para suportar de 10 a 15 trabalhadores, e não de 60 a 70 pessoas, como quando desabou. A principal tese para a queda é de sobrepeso, e aí recairia a responsabilidade sobre os organizadores do evento. Ainda, o Ministério Público Eleitoral quer apurar se acontecia uma reunião política ou evento de campanha no local, uma vez que dois candidatos ao parlamento estavam presentes na empresa e sobreviveram ao desastre.
A terça-feira do desabamento
O mezanino de um galpão pertencente à empresa Multiteiner, que faz venda e locação de contêineres, desabou em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, na manhã da última terça-feira (20) e deixou 9 mortos. A causa do desabamento é investigada pela Polícia Civil.
De acordo com informações divulgadas pela Polícia Militar, estaria ocorrendo uma reunião com cerca de 64 pessoas no galpão quando a laje do mezanino onde ocorria o encontrou cedeu. A prefeitura da cidade divergiu da PM e informou à imprensa que havia 70 pessoas no local, das quais 40 teriam sido atingidas pelo desabamento. Segundo com funcionários que sobreviveram ao desastre, ao ceder, todas as pessoas que participavam de uma palestra no mezanino foram arremessadas para baixo junto com os escombros.
Ao todo, 31 pessoas ficaram feridas, três delas tiveram ferimentos leves e foram liberadas em seguida, outras 28 precisaram ser hospitalizadas. Entre os feridos estavam o candidato a deputado estadual Jones Donizette (Solidariedade) e a candidata a deputada federal Ely Santos (Republicanos). Ambos estariam no local cumprindo agenda de campanha quando foram surpreendidos pela tragédia.
Durante a tarde foi possível ter a dimensão do acontecimento. Parentes de funcionários que estavam na porta da empresa à espera de informações foram autorizados a entrar pelo Corpo de Bombeiros. Momentos depois saíam aos prantos. Uma lista com os nove mortos foi divulgada pelas autoridades, alguns deles apenas o primeiro nome: Natalia Silis, Diana Amaral, Claudevan, Letícia Lira, Jucimara, Valquíria, Diego, Angela e Iara. Supõe-se que são todos funcionários da empresa, uma vez que as campanhas de Santos e Donizette confirmaram seus membros entre os feridos.
O Corpo de Bombeiros informou que enviou cerca de 20 viaturas para o local e terminou as buscas por voltas das 15h40. As vítimas foram enviadas ao Hospital Geral de Itapecerica e aos prontos-socorros do centro da cidade e no bairro do Jardim Jacira. Também participaram das buscas a Polícia Militar, a Defesa Civil e o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).