O Exército admitiu o total descontrole em relação ao número de armas que estão em poder de caçadores, atiradores esportivos e colecionadores (CACs) em cada cidade. A corporação simplesmente não sabe a quantidade de armamento nas mãos dessas pessoas.
O que se tem conhecimento é que, no país todo, o arsenal dos CACs ultrapassa um milhão de armas, o que representa quatro vezes mais em relação a 2019, ano em que Jair Bolsonaro (PL) flexibilizou, por decreto, o acesso ao armamento por civis.
O Exército alega que, para descobrir, precisaria deslocar 12 militares por 180 dias úteis, o que seria “considerável prejuízo no cumprimento de outras atividades, como regulamentação, fiscalização e autorização referentes ao trabalho com Produtos Controlados pelo Exército”.
“Isso mostra a baixíssima capacidade do Exército de fazer o controle das armas de forma eficiente. Ter dados por município é muito importante para planejar ações de fiscalização mais efetivas, a partir de inteligência”, declarou Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, em entrevista a Amanda Rossi, no UOL.
“Com o aumento significativo de armas em circulação, não saber o número por município se torna ainda mais grave”, acrescentou.
Corporação também não sabe quais as armas estão em poder dos CACs
Em abril de 2022, o Exército já tinha admitido para o Instituto Sou da Paz que não tinha controle sobre quais as armas em mãos de CACs.
A corporação alegou que são múltiplas grafias utilizadas para um mesmo tipo de arma: “Existem aproximadamente 1,5 milhão de armas registradas no Sigma [incluindo CACs e forças de segurança] e, para editar e corrigir esses dados, com finalidade de padronizar a informação, é necessário acessar o registro de cada uma dessas armas”.
Registro CAC é facilitado após medida de Bolsonaro
Bolsonaro facilitou a obtenção de CAC. Interessados em conseguir o registro podem se dirigir a um posto de atendimento do Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados ou se cadastrar no site do Exército, enviando documentos que, supostamente, comprovam a condição necessária para o uso de armas.
O material é enviado ao Comando do Exército, que analisa a concessão, ou não, do registro CAC.