FAMÍLIA CRIOU VERSÃO

Morte de criança atribuída a vizinho pela família teria sido por negligência do pai

Menino de 7 anos foi baleado na cabeça e casa de acusado por seus pais chegou a ser queimada em Cariacica, no Espírito Santo. Polícia esclareceu crime e desvendou versão criada para livrar o autor

Menino Ricardo Coelho Rodrigues, de 7 anos.Créditos: Arquivo pessoal
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Um caso revoltante ocorrido em abril em Cariacica, no Espírito Santo, teve um final surpreendente apresentado pela polícia capixaba. Ricardo Coelho Rodrigues, de 7 anos, foi encontrado gravemente ferido dentro de casa, com um tiro que atravessou sua mão, entrou pelo seu rosto e saiu pela nuca. Mesmo socorrido às pressas numa emergência da região, a criança não resistiu à grave lesão.

Sua família, a partir do trágico episódio, passou a acusar um vizinho pelo assassinato, informando que uma briga anterior já havia ocorrido depois que um irmão mais velho de Ricardo havia quebrado uma vidraça do morador do lado, o que gerou uma certa confusão entre as partes. O acusado foi preso pela polícia e moradores da localidade depredaram e incendiaram sua residência, revoltados com o bárbaro homicídio do menino.

No entanto, nada da versão apresentada pelos familiares das vítimas era verdade e o autor da morte do pequeno Ricardo, por acidente, de acordo com as autoridades, teria sido seu irmão de 11 anos, que pegou a arma do pai. O homem, que não teve a identidade revelada, sabia de tudo que ocorrera e mesmo assim era um dos mais aguerridos e revoltados acusadores do vizinho.

Atualmente em liberdade, o pai foi indiciado pelo crime de homicídio culposo (quando não há a intenção de matar), por omissão da cautela de arma de fogo e por fraude processual, e segundo o delegado Eduardo Khaddour, responsável pelas investigações, teria criado toda a história exclusivamente para se eximir da responsabilidade pela tragédia.

“No curso das investigações, ficou constatado que o vizinho da criança não teve nenhuma participação no crime, ficando demonstrado que foi apontado como autor pelo genitor da vítima com o único propósito de se eximir da responsabilidade criminal”, informou um comunicado da Polícia Civil do Espírito Santo sobre a conclusão do caso e o encaminhamento do inquérito policial para a Justiça.