Condenada a 8 anos e 6 meses de prisão pela morte de Miguel Otávio de Santana, que, com 5 anos à época, caiu da cobertura do edifício de luxo em Recife onde mora, Sari Corte Real teve o pedido de prisão de preventiva negado pela justiça pernambucana. Ela agora responderá em liberdade pela acusação de “abandono de incapaz com resultado de morte”. À época, presa em flagrante, pagou uma fiança de R$20 mil.
O pedido negado revoltou Mirtes de Souza, mãe da vítima. “E se fosse ao contrário? O que teria acontecido? Precisamos de uma justiça igual para todos”, declarou em suas redes sociais.
A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar.
— Mirtes Renata???? (@mirtes_renata) June 9, 2022
Martin Luther King
Acreditem, se fosse ao contrário onde eu estaria ?
O que teria acontecido?
Precisamos de uma justiça igual para todos. #justiçapormiguel pic.twitter.com/ri6qnXBwdq
Relembre o caso
Miguel era filho de Mirtes, empregada doméstica que trabalhava na residência, e, naquele dia 2 de junho de 2020 acompanhava a mãe no expediente. Sari, a patroa, havia ficado de cuidar do menino, enquanto a mãe passeava com o cão da família Corte Real.
Nesse meio tempo, foi descoberto por meio de câmeras de segurança do condomínio que a patroa teria facilitado uma ida do menino Miguel, sozinho, até o nono andar do prédio, onde, desacompanhado, caminhou até uma beirada e, então, o pior aconteceu.
Desde então a mãe, Mirtes, faz de sua vida uma luta por justiça. No ano passado, enquanto ainda corria o processo na primeira instância, uma manifestação dupla, em São Paulo e em Recife, chamou a atenção para o caso, projetando em prédios frases que pediam por justiça.
A sentença de condenação por abandono de incapaz só veio em maio desse ano, mas como o processo ainda tramita em outras instâncias, Sari conseguiu uma liberdade provisória. Na ocasião, Mirtes protocolou, junto a sua advogada Maria Clara D’Ávila, um pedido de retenção de passaporte, também negado.
No mês passado, em novo contratempo para a vítima, um juiz solicitou que mãe e avó do menino Miguel fossem investigadas por maus tratos.
Semanas atrás, neste mês de julho, um oficial de Justiça foi à casa de Sari intimá-la para uma audiência a respeito do processo cível, no qual Mirtes cobra uma indenização, e não a encontrou. Segundo apuração do Estadão, um porteiro teria dito que ela não morava mais ali. Então a mãe da vítima novamente entrou com um pedido de prisão preventiva, já que um dos pré-requisitos para a liberdade provisória é não trocar de endereço sem comunicar o juiz. Porém, como já se sabe, o pedido tramitou e acabou sendo negado.