Após mais de 12 horas de operação, o resultado de mais uma ação desastrosa das polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro: ao menos 18 mortos no Complexo do Alemão, comunidade na Zona Oeste da capital fluminense.
A ação policial teve início nas primeiras horas da manhã. Moradores foram acordados com sons de tiros e, a princípio, foi confirmada a morte de uma mulher e de um policial. Já no final da tarde, em coletiva de imprensa, representantes das polícias confirmaram 18 mortos - 16 deles, segundo as corporações, seriam suspeitos.
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A Defensoria Pública, por sua vez, contabilizou na parte da tarde 20 mortos, mas depois atualizou este número para 17. A contagem foi feita com base nos corpos que foram retirados pelos próprios moradores da comunidade e encaminhados a unidades de saúde. Dezenas de pessoas ficaram feridas em meio à intensa troca de tiros.
Segundo a PM, a operação se deu no âmbito de uma investigação sobre roubo de veículos, de carga e a bancos. Moradores, em pânico, relatam invasões de casas e compartilham vídeos que mostram rasantes do helicóptero da polícia e intenso tiroteio na região. O Bope e o Core, grupos de elite das corporações, foram mobilizados, assim como blindados e um helicóptero.
A mulher que teve a morte confirmada pela manhã foi identificada como Letícia. Segundo seus familiares, policiais militares atiraram contra o carro da moradora e a atingiram no peito, num momento em que, segundo testemunhas, não havia tiroteio.
Em nota, a Federação de Associações das Favelas do Rio de Janeiro (FAFERJ) responsabilizou o governador Cláudio Castro (PL) por mais uma chacina em comunidade.
“Mais uma manhã de terror. Cláudio Castro, o Governador das Chacinas, autorizou mais uma Operação Eleitoreira em favela. Na guerra da Ucrânia e em vários outros conflitos é proibido utilizar helicóptero como plataforma de tiro em área civil, é crime internacional. Mas nas favelas isso acontece cotidianamente, inclusive hoje no Alemão, com o Águia (helicóptero blindado) aterrorizando moradores. Essa lógica de guerra é um enxuga gelo que não resolve o problema da violência, ao contrário, apenas piora. Nós da FAFERJ repudiamos essa operação eleitoreira autorizada pelo Governador das Chacinas, Cláudio Castro", diz o comunicado.
Nas redes sociais, moradores e ativistas vêm relatando o cenário de guerra e abusos de policiais no Complexo do Alemão. "Nunca tive tantas vezes fuzis apontados pra mim como foi hoje. Em todos os lugares que eu ia, algum policial já vinha apontando fuzil", escreveu, por exemplo, Rene Silva, fundador do A Voz das Comunidades, canal que mostra a vida dos moradores e denuncia a violência policial nas favelas do Rio.
Confira abaixo mais relatos nas redes sociais sobre a operação