O caso da prisão do anestesista Giovanni Quintella Bezerra, que estuprou uma paciente enquanto ela estava dopada e passava por um parto no Hospital da Mulher em Vilar dos Teles, em São João Meriti, na Baixada Fluminense (RJ), após o crime ser filmado por enfermeiras que suspeitavam do comportamento do profissional, trouxe novamente à tona um caso de desrespeito grave no exercício da medicina que chocou o país há mais de cinco anos.
Em abril de 2017, oito alunos de medicina da Universidade de Vila Velha (UVV) publicaram uma foto nas redes sociais em que aparecem vestindo jaleco, com as calças abaixadas até os pés e fazendo um gesto obsceno com as mãos alusivo à genitália feminina. Para piorar tudo, a legenda da imagem chamava o grupo de “pinto nervoso”.
Na época o caso foi denunciado pelo Sindicato os Médicos do Espírito Santo (Simes) ao Conselho Regional de Medicina (CRM-ES). Porém, como ainda não eram profissionais formados, a “punição” ficou por conta da universidade onde os jovens estudavam.
Passada mais de meia década do lamentável episódio, visto por grande parte da sociedade como um ato de desrespeito às mulheres, de machismo e de fomento à cultura do estupro, a única punição imposta pela UVV aos envolvidos na escatológica foto foi uma “prestação de serviços sociais”, ainda que tais serviços nunca tenham sido detalhados. A reitoria da instituição de Ensino Superior ainda afirmou que os formandos “admitiram que tiveram um comportamento inadequado” e que “formularam um pedido de desculpas voltado à comunidade acadêmica”.