A vida do brasileiro não anda fácil. Aliás, nunca andou como agora, diante da maior crise socioeconômica da História, de volta ao mapa da fome da ONU, com 54% da população em situação de insegurança alimentar e atravessando a maior crise inflacionária desde a criação do real, em 1994. E quando você pensa que não pode piorar, vem um fato novo e mostra que no fundo do poço tem um alçapão.
Uma imagem de um carrinho de compras cheio de caixas de papelão vazias, depois de terem seus produtos retirados de dentro, e com uma placa informando que elas são vendidas a R$ 1, viralizou nas redes sociais nos últimos dias e gerou revolta nos internautas, uma vez que esses materiais sempre foram dados aos clientes para que coloquem aquilo que foi comprado, ou doado para catadores que vivem e dependem desta atividade.
Te podría interesar
A foto foi tirada no supermercado Preço Baixo Meio a Meio, de Belém (PA). Após a grande repercussão negativa em torno da inciativa, a direção do estabelecimento se pronunciou afirmando que o cartaz informando a venda foi colocado indevidamente no carrinho das caixas, e que o material é gratuito para todos os consumidores da rede, para que levem seus produtos caso não tenham sacolas.
A empresa disse ainda que apenas as caixas de ovos, que são maiores e mais robustas, utilizadas por pessoas em mudanças e com outras finalidades, é que são vendidas por esse valor.
Te podría interesar
“Lamentamos pelo ocorrido e já orientamos a loja, a qual estava com a comunicação a informar de maneira correta a destinação das caixas”, escreveu a direção do supermercado.
“Produtos” vendidos em meio à miséria
Um supermercado de Belém, no Pará, também virou notícia nos últimos meses por vender restos de peixe (vísceras, espinhas e cabeças) a R$ 3,90 o quilo. O “produto” é apenas mais um no rol de sobras e resíduos de baixíssima qualidade que vêm dominando as prateleiras do comércio de alimentos em todo país por conta do empobrecimento em marcha acelerada da população imposto pelo governo Bolsonaro.
Na imagem que circula nas redes sociais, um invólucro de isopor envolto em plástico filme mostra uma mescla de pele, cabeça, sangue e espinhas devidamente etiquetado, ao preço de R$ 2,01, por pouco mais de 500 gramas. Os comentários dos internautas que se deparam com a foto absurda são de indignação e protesto.
Em açougues do Rio de Janeiro e de Cuiabá (MT), filas imensas se formam para que as pessoas recebam como esmola os vergonhosos ossos bovinos. Mesma sorte não tiveram os catarinenses, que precisam pagar R$ 4 no quilo do “produto”. Em Niterói, “sambiquira”, ou “dorso”, eufemismos para a carcaça que sobra dos frangos, vêm sendo vendidos por R$ 8,69.
Numa rodovia que corta o estado do Mato Grosso, próximo ao município de Várzea Grande, o que chama a atenção é a placa ofertando pelanca a R$ 0,99. A imagem embrulha o estômago porque nos leva a pensar em como alguém consumiria tal coisa.
Até o macarrão instantâneo, popularmente chamado de “miojo”, teve um salto nas vendas, segundo a indústria que o produz. O que antes era visto como uma extravagância ou imprudência alimentar de adolescentes, hoje figura como gênero base para manter de pé famílias inteiras que driblam a fome para seguirem vivas.