Maria Fabiana dos Santos, viúva de Genivaldo de Jesus Santos, assassinado brutalmente durante ação violenta de integrantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), fez um desabado emocionante ao senador Humberto Costa (PT-PE), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado.
Ele esteve, nesta terça-feira (14), em Umbaúba, no estado de Sergipe. A comissão cumpre diligência no local para acompanhar as investigações sobre a morte de Genivaldo.
“Meu filho era muito apegado ao pai. Tem alguns momentos que ele brinca, mas outros que fica triste, se acolhe em mim. É um sofrimento em dobro para mim, porque às vezes eu não posso nem chorar para não transmitir a ele. Eu me sinto sem vida. Eu não tenho vida”, disse Fabiana.
“É angustiante essa demora, porque a gente quer justiça pela vida dele. Sei que nada vai trazer ele de volta, mas ele era meus braços e minhas pernas. A gente podia não ter nada, mas tinha um ao outro. Eu estou sozinha, despedaçada, sem rumo e sem chão. Não consigo dormir direito, já perdi 12 quilos. É um sentimento de impotência, a gente sente medo”, acrescentou.
“Fico pensando por que aquele pessoal não está preso. Uma crueldade daquelas, sem ele poder se defender. Só tenho revolta dentro de mim. Não tenho palavras para descrever a dor que estou sentindo. Me sinto destruída, acabada. A única coisa que tenho na vida é esperança de que a justiça seja feita. Aqueles policiais transpassaram o limite do ser humano. Se eu ouvir foram condenados, vou poder respirar um pouquinho, aliviada”, completou.
Humberto relatou à viúva que apresentou um projeto de lei requerendo que o Estado pague R$ 1 milhão de indenização à família da vítima e uma pensão vitalícia a Maria Fabiana dos Santos, viúva de Genivaldo, e uma pensão temporária ao filho do casal, de 7 anos, até que ele complete a maioridade.
O presidente da CDH foi acompanhado pelos senadores Alessandro Vieira (PSDB-SE) e Rogério Carvalho (PT-SE), além da vice-governadora de Sergipe, Eliane Aquino (PT).
Relembre o caso que chocou o país:
A população de Umbaúba se revoltou com o assassinato de Genivaldo. Ele foi amarrado e torturado em uma câmara de gás improvisadas dentro do porta-malas de uma viatura de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e morreu em seguida, no dia 25 de maio.
Laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Sergipe divulgado no dia 26 confirmou que Genivaldo morreu por asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda.
A vítima, que tratava um quadro de esquizofrenia havia 20 anos, estava de moto e foi espancado durante abordagem dos policiais rodoviários, que o colocaram no porta-malas onde soltaram um gás denso.
O caso foi filmado pelo sobrinho da vítima, Wallyson de Jesus, que tentou intervir.
“Eu estava próximo e vi tudo. Informei aos agentes que o meu tio tinha transtorno mental. Eles pediram para que ele levantasse as mãos e encontraram no bolso dele cartelas de medicamentos. Meu tio ficou nervoso e perguntou o que tinha feito. Eu pedi que ele se acalmasse e que me ouvisse”, disse o rapaz.
“Eles jogaram um tipo de gás dentro da mala, foram para delegacia, mas meu tio estava desacordado. Diante disso, os policiais levaram ele para o hospital, mas já era tarde”, contou. Genivaldo era casado e deixou um filho.