Uma mulher que não teve nome nem idade revelados realizou uma verdadeira missão heroica para salvar a filha e o neto de três anos das mãos do genro, que os torturava brutalmente, na cidade de São Francisco de Itabapoana. A avó não conseguia mais falar com a mãe da criança, que estava proibida de usar o celular. Num descuido do agressor, a vítima conseguiu enviar para a mãe, que mora em Cabo Frio, a 200 km de distância, uma localização por coordenadas de GPS.
Foi então que a mulher atravessou todo o Estado do Rio de Janeiro na última sexta-feira (6) e acionou a Polícia Civil para conseguir retirar a filha e o neto da situação desumana em que viviam. A criança apresentava tantos ferimentos decorrentes das sessões de tortura que precisou ser internada, com lesões na cabeça, nos olhos, na boca, nas costas e com a genitália queimada, segundo a mãe por um isqueiro usado pelo agressor, identificado como Erivaldo Ferreira de Oliveira. A avó contou ainda que o menino estava com ferimentos que o fizeram perder parte da musculatura das nádegas.
A mãe do menor, filha da heroína que foi resgatá-la, tinha lesões pelo corpo e principalmente nos joelhos e não precisou permanecer no hospital. A mulher contou que o relacionamento com Erivaldo era recente, tendo iniciado havia apenas três meses, mas desde abril, quando o casal saiu de Cabo Frio e foi viver em São Francisco de Itabapoana, o companheiro se tornou muito violento, a proibiu de falar com qualquer pessoa e sequer permitiu que o endereço da nova casa fosse passado à mãe dela.
Erivaldo não estava no município onde morava com a vítima e a criança na hora da operação de resgate, mas foi localizado por investigadores na cidade de São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, onde foi preso e de lá encaminhado ao presídio de Benfica, na capital.
De acordo com os policiais da 126ª DP, de Cabo Frio, o torturador afirmou que o que ele fazia não era tortura, mas apenas uma “correção” para que a companheira e a criança aprendessem a se comportar. O caso foi encaminhado para o Ministério Público do Rio de Janeiro, que deverá levar o acusado à Justiça para que responda pelos crimes de tortura e lesão corporal grave.