O advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, fez críticas indignadas à postura de Sergio Moro (União Brasil). O ex-juiz minimizou a ação criminosa da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que causou a morte de Genivaldo de Jesus Santos.
Moro publicou nas redes sociais que a atuação dos agentes foi “lamentável”, mas fez questão de contar uma mentira para defender a PRF: a de que “a violência policial é rara”.
“A banalização da vida é um reflexo do autoritarismo do Judiciário que esse ex-juiz representa. É inacreditável a ousadia, a desfaçatez de um cidadão como Moro, que pretende representar a população através do voto, dizer algo tão inimaginável, afirmou Kakay à Fórum.
Genivaldo foi covardemente asfixiado em uma espécie de câmara de gás feita por agentes da PRF no porta-malas de uma viatura, durante abordagem em uma rodovia de Umbaúba, em Sergipe. Ele morreu em um hospital, na quarta-feira (25).
“O Moro é um hipócrita. Isso é a cara dele. Violência policial não se dá por explosão espontânea. Ela se dá representando o Estado policialesco. E o Moro é o pai e a mãe do Estado policialesco”, apontou Kakay.
“No fundo, digo isso com toda a convicção, ele é diretamente responsável por toda essa violência, violência estatal. Ele usou o Estado ao criar, covardemente, cruelmente, uma forma de instrumentalização do Poder Judiciário. Esse cidadão é um dos responsáveis diretos por toda essa violência”, acrescentou o criminalista.
Kakay disse, ainda, que o Brasil precisa repensar sua própria história. “Como pode ter uma agressividade dessa do Estado tão evidente, sem que todos nós, cidadãos, imprensa, representantes do Judiciário, se portem de uma forma indignada? É muito triste”.
“Esses policiais deveriam ter sido presos em flagrante pelo crime de tortura”, diz advogado
O advogado Ariel de Castro Alves, especialista em direitos humanos e segurança pública, defende que os policiais envolvidos na desastrosa operação deveriam ter sido presos em flagrante. Além disso criticou o posicionamento da PRF.
“É extremamente grave que a Polícia Rodoviária Federal tenha divulgado que colocar gás no porta-malas de uma viatura fechada faça parte do protocolo de abordagem e de atuação da instituição. Isso demonstra que a instituição está de acordo, está conivente, está favorável às práticas de tortura e, também, aos assassinatos”, afirmou à Fórum.
Ariel declarou, ainda, que Genivaldo de Jesus foi vítima do crime de tortura, pois foi submetido a um intenso sofrimento físico e psicológico como forma de castigo.
“Esses policiais deveriam ter sido presos em flagrante pelo crime de tortura, agravado pelo resultado morte. O delegado que não decretou a prisão em flagrante precisa responder pelo crime de prevaricação, que é quando a autoridade pública não cumpre com seus deveres de ofício”, observou o advogado, membro do Movimento Nacional de Direitos Humanos e presidente do Grupo Tortura Nunca Mais.
“Mas, agora, pode ser decretada. O Ministério Público pode pedir as prisões preventivas desses maus policiais envolvidos nessa terrível e inaceitável ocorrência de tortura no estado de Sergipe”, concluiu o advogado.