O número de mortos na Vila Cruzeiro, na Zona Norte do Rio de Janeiro, que foi alvo de uma operação policial às pressas, realizada por agentes da Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e PMs do Bope, na manhã desta terça-feira (24), chegou a 21.
Segundo as informações oficiais, um grupo de PMs do Núcleo de Inteligência estava à paisana na entrada da favela, monitorando um suposto comboio de traficantes, como integrantes foragidos de Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Pará e Rio Grande do Norte, que passaria pelo local. Antes de avistarem qualquer veículo, os agentes disfarçados foram notados pelos criminosos que vigiavam a comunidade, que teriam então disparado vários tiros de fuzil contra a unidade descaracterizada.
Te podría interesar
A operação que ocorreu na sequência, com agentes da PF, da PRF e do Bope, teria sido uma reação de emergência para resgatar os policiais encurralados. O Ministério Público do Rio de Janeiro confirmou que não havia mandados de busca ou de prisão sendo cumpridos naquela ação.
O secretário de Estado da Polícia Militar do Rio de Janeiro, coronel Luiz Henrique Marinho Pires, disse durante uma entrevista coletiva que a ida de lideranças criminosas de outros estados para favelas cariocas, o que estava sendo investigado nesta manhã e acabou resultando na emboscada aos PMs disfarçados, era culpa do Supremo Tribunal Federal (STF), que em 2020, no auge da pandemia, determinou a não realização de operações policiais consideradas não essenciais em comunidades do Rio.
“A gente começou a reparar essa movimentação, essa tendência deles de migração para o RJ, a partir da decisão do STF. Isso vem acentuando nos últimos meses. Esse esconderijo deles nas nossas comunidades é fruto basicamente dessa decisão do STF. É o que a gente entende, a gente está estudando isso, mas provavelmente deve ser fruto dessa decisão do STF”, disse Pires, num discurso bastante alinhado ao do presidente Jair Bolsonaro, que sempre culpa a mais alta corte do Judiciário brasileiro pelos problemas que enfrenta.
Por meio de nota, o Ministério Público Federal (MPF) informou que seu Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial no Rio de Janeiro já instaurou um procedimento investigatório para levantar informações sobre a conduta de agentes federais na ação (PF e PRF) e averiguar eventuais violações legais cometidas por cada um desses policiais, individualizando as atividades de cada um deles no caso.