Três policiais civis do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra) admitiram, em depoimento, que dispararam com arma de fogo contra dependentes químicos nos entornos da Praça Princesa Isabel, na capital paulista, próximo à região conhecida como Cracolândia.
Na última quinta-feira (12), a mando do governo do estado, policiais encamparam mais uma ação truculenta e desastrosa para "limpar" a área e dispersas usuários de drogas. Em meio à investida, Raimundo Nonato Rodrigues Fonseca Júnior, de 32 anos, morreu baleado.
Um vídeo feito por moradores do alto de um prédio mostra um sujeito com roupas civis armado caminhando no meio da confusão logo após um estampido de bala. O vídeo também mostra o corpo caído no chão.
Assista
Inicialmente, policiais registraram boletim de ocorrência informando que Raimundo foi encontrado caído na avenida Rio Branco, altura do número 724, após um tumulto generalizado durante a operação. Ele tinha um ferimento no tórax.
Outro boletim de ocorrência foi registrado às 4h40 no DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa) pela advogada Juliana Almeida Valente, do Núcleo de Ações Emergenciais e de Defesa dos Direitos Ameaçados da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que foi acionada por testemunhas do caso, dá outra versão.
Segundo este BO, testemunhas do tumulto e da morte do homem viram um policial atirar atrás de uma viatura. "Havia outros dois policiais ao lado", afirmou uma das pessoas que estava no local, de acordo com o registro feito no DHPP.
Padre Júlio
Logo que Raimundo foi morto pelo disparo, o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua, já havia denunciado que o tiro partiu de um policial. O religioso presta assistência aos usuários de droga na região e estava no local quando a operação foi deflagrada.
"Sempre do mesmo . A PM não apreendeu todas as armas ?? !! Com todo cerco e presença como chegaram armas no local ? Qual o calibre da bala ? Ou já sumiu ?", questionou padre Júlio em seu Instagram ao postar uma foto do homem morto.
A Polícia Civil, agora, investiga o caso com base no depoimento dos policiais ao DHPP.