A fábrica da Toyota, multinacional japonesa que produz automóveis, de São Bernardo do Campo, instalada em 1962 e a primeira da empresa fora de seu país de origem no mundo, encerrará suas atividades na cidade do ABC até o final de 2023. Segundo seus executivos, as atividades serão transferidas para plantas localizadas no interior do estado.
O comunicado informando o fechamento foi emitido nesta terça-feira (5), deixando claro que a desativação será gradativa e que todos os 550 funcionários da montadora (o Sindicato dos Metalúrgicos diz que são 580) terão a opção de serem transferidos para as fábricas de Sorocaba, Porto Feliz e Indaiatuba.
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De acordo com executivos da Toyota, a decisão de fechar a unidade de SBC, que produz peças para as linhas de montagem do Brasil, Argentina e EUA, foi para ter mais eficiência na produção e dar sustentabilidade aos negócios da empresa nipônica.
Tanto o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), como o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informaram que foram pegos de surpresa com a notícia, lamentando que uma fábrica tão importante e histórica parasse de produzir no município. A entidade que representa os trabalhadores queixou-se de que numa reunião recente ficou garantido o funcionamento da Toyota por pelo menos mais três anos, por conta de investimentos realizados nos últimos tempos.
Veja a nota do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC sobre o encerramento da fábrica na íntegra:
A direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC recebeu com surpresa a notícia do fechamento da Toyota em São Bernardo do Campo, empresa com cerca de 580 trabalhadores nesta terça-feira, dia 5 de abril.
A montadora toma tal decisão de forma irresponsável com a falsa justificativa de otimização de custos. Não há motivos plausíveis para o fechamento da planta, que é a primeira fábrica da Toyota fora do Japão.
Nos últimos anos, em toda as negociações com o Sindicato, a Toyota vinha insistindo que a planta não fecharia e que havia planos para a unidade e seus trabalhadores.
A empresa chegou a comunicar o Sindicato que os produtos atuais garantiriam a permanência da fábrica pelos próximos três anos e afirmava que a unidade era produtiva, competitiva e lucrativa. Em todas as conversas com a montadora, pautamos questões relacionadas a investimento na planta.
Acreditamos que a empresa poderia reorganizar a produção para se manter em São Bernardo ou trazer investimento, assim como vem fazendo em outras plantas. Há outras alternativas que não o fechamento. Todos os argumentos são injustificáveis!
A falta de políticas voltadas para a indústria nas esferas estadual e federal acentua a situação. O Sindicato tem pautado políticas públicas que promovam o crescimento do setor industrial e garantam que as fábricas existentes possam se manter e até receber investimento, porém nem o governo do estado nem o governo federal tem se movimentado em defesa da indústria.
A indústria de transformação que já representou um percentual elevado no PIB brasileiro hoje não passa de 10%. Isso é falta de uma política industrial. O Brasil necessita urgentemente de uma política industrial para que o setor possa voltar a gerar empregos. O ABC é mais um reflexo disso!
O Sindicato se reuniu na tarde desta terça-feira com os trabalhadores e espera que a empresa reveja sua decisão. O Sindicato está aberto para buscar alterativas para a permanência da Toyota em São Bernardo.
Diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
São Bernardo do Campo, 5 de abril de 2022