Em silêncio sepulcral, a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves - que vislumbra uma cadeira no Senado - permanece indiferente à trágica morte de uma menina indígena de 12 anos. No entanto, a ex-ministra foi à redes sociais celebrar os novos seguidores. "Ganhei um monte de seguidores nas últimas 24 horas. IUHUUUUUU! Eu só não consigo entender como uma rede social censurava uma senhorinha tão legal como eu!", festejou em tuite.
A criança veio a óbito após ser estuprada por garimpeiros na Terra Indígena da comunidade de Aracaçá, região de Waikás, em Roraima. O caso foi denunciado pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami através das redes sociais, na noite de segunda-feira (25).
Te podría interesar
O líder yanomami informou, ainda, que uma mulher indígena de 28 se filho de 3 anos foram sequestrados por garimpeiros e jogados em um rio. A mãe sobreviveu e a criança está desaparecida.
"Estou muito triste com o que está acontecendo com o meu povo", lamentou Júnior Yanomami, que ainda cobrou ações de autoridades contra o garimpo ilegal na região, citando a Polícia Federal e o Exército.
Damares deu tratamento bastante diferente ao colega deputado Daniel Silveira - o mesmo que quebrou a placa de Marielle Franco - condenado pelo STF à perda do mandato e dos direitos políticos e a 8 anos e 9 meses de prisão, por incitar atos antidemocráticos e ataques ao Supremo.
Ela, prontamente foi às redes sociais prestar solidariedade ao aliado. A ex-ministra também elogiou o ato do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao conceder o perdão de pena à Silveira
Indiferença
Essa não é a primeira vez que Damares Alves demonstra indiferença às crianças indígenas. Em janeiro de 2019, no início do governo Bolsonaro, a revista Época publicou uma reportagem, onde uma indígena relata sobre um suposto sequestro de uma criança da tribo Kamayurá, pela ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos, Damares Alves.
A criança, que hoje tem mais de 20 anos, teria sido levada por Damares da aldeia de forma irregular sob pretexto de fazer um tratamento dentário na cidade e nunca mais voltou, segundo apurações da jornalista de Época Natália Portinari, que assinou a reportagem.
Na época da reportagem, Damares Alves respondeu que considera Lulu Kamayurá "uma filha", diz que a menina "não foi arrancada dos braços dos familiares" e ainda reclamou de "tamanha exposição" diante da repercussão do caso