A guerra na família Odebrecht ganhou mais um capítulo, com a revelação de gravações de diálogos que envolvem as negociações em torno da briga judicial que se arrasta desde 2019. De acordo com o jornal O Globo, em documentos protocolados na semana passada, na Justiça de São Paulo e na da Bahia, Marcelo Odebrecht acusa o pai e o irmão de extorsão.
O empreiteiro revelou que seu pai e seu irmão, Maurício propuseram o encerramento do processo judicial movido pelo grupo Odebrecht, caso ele entregasse de graça a sua participação de 20,9% numa empresa de agropecuária - a EAO empreendimentos - que inclui as fazendas e as obras de arte da família.
Marcelo entregou entregou à Justiça, uma série de transcrições de diálogos e mensagens eletrônicas trocadas até com os pais, Emílio e Regina. As negociações que estavam sendo feitas em caráter confidencial, foram expostas por Marcelo, quando ele percebeu que o acordo não sairia.
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O empreiteiro argumenta que sua parte nas fazendas, registrada na contabilidade da EAO com valor de R$ 74 milhões, vale na verdade entre R$ 150 e R$ 200 milhões. Em 2016, no processo de recuperação judicial da Odebrecht, a empresa foi avaliada em R$ 375 milhões.
Nos documentos, o empreiteiro acusa Emílio e Maurício de usar a Odebrecht para conseguir vantagens particulares às custas de seu patrimônio pessoal. Segundo ele, suas ações da EAO são hoje todo o seu patrimônio.
"O objetivo da chicana que as apeladas (a Odebrecht e a Odebrecht SA) movem contra ele e sua família nunca foi de questionar os acordos firmados", diz ele, referindo-se ao fato de que as ações que o grupo Odebrecht move contra ele não seriam fazê-lo devolver os valores que a empresa pagou para que ele fechasse o acordo de delação com a Lava Jato. "Trata-se unicamente de uma tentativa espúria de usar a Justiça para fazer calar, retaliar e extorquir", argumenta.
Procurados, nem a Odebrecht, nem Emílio, nem Maurício e nem Marcelo quiseram comentar o caso.
Disputa
Marcelo e o grupo Odebrecht disputam na Justiça desde dezembro de 2019, após sair da prisão. Na época, em novos depoimentos à Lava Jato, Marcelo acusou o pai e o cunhado, Maurício Ferro, de desviar recursos da Odebrecht e da petroquímica Braskem.
Na época, o presidente da companhia, Ruy Sampaio, acusou Marcelo de chantagear a Odebrecht, exigindo R$ 240 milhões de reais para fechar o acordo de delação com a Lava Jato.
A companhia já moveu quatro ações contra o empreiteiro e sua família, pedindo a anulação dos pagamentos e devolução de R$ 143,4 milhões que teriam sido pagos. Duas delas, porém, a Odebrecht perdeu, e foi condenada a pagar R$ 300 mil em multas por litigância de má-fé. As outras duas que restaram são essas em que Marcelo acusou o pai e o irmão de tentar extorqui-lo.
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