Um saque a um supermercado na noite de sábado (16) no bairro de Inhaúma, na Zona Norte do Rio de Janeiro, próximo ao Complexo do Alemão, organizado e levado a cabo por cerca de 50 pessoas, assustou os cariocas e emitiu um alerta preocupante para as autoridades locais e do governo federal, encabeçado por Jair Bolsonaro: os níveis de miséria e fome estão nas alturas e não param de crescer, o que pode fazer a situação sair do controle.
Por volta das 20h a Polícia Militar foi acionada para comparecer ao Supermercado Inter, localizado na Estrada Adhmear Bebiano, por conta de um grupo numeroso de pessoas que ingressou no estabelecimento e, de forma coordenada, começou a furtar mercadorias, sobretudo alimentos. Quando os PMs chegaram ao local da ocorrência os saqueadores já não estavam mais.
Imagens divulgadas na internet mostram a ação do grupo e o rastro de destruição deixado no comércio. Ninguém, de acordo com as autoridades das policiais Civil e Militar fluminenses, foi detido até o momento e não se sabe em que circunstâncias o saque foi planejado.
O fato acontece num momento em que a inflação explode no país, sobretudo a dos gêneros alimentícios, corroendo gravemente o poder de compra dos brasileiros, numa crise socioeconômica que parece sem fim para o governo Bolsonaro, que assiste a tudo inerte e sem lançar mão de qualquer estratégia política que tente reverter a onda de miséria e fome que assola significativas frações populacionais do país.
A inflação de março, de 1,62% (vinda na sequência de 1,1% em fevereiro), foi a maior alta para o período desde 1994, quando o real sequer havia sido implantado, o que ocorreria em julho daquele ano. Alguns indicadores mostram o tamanho do problema: 116 milhões de brasileiros, ou 54% da população, vivem em situação de insegurança alimentar, com 9% (19 milhões) passam fome, segundo dados Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN) de outubro do ano passado.
Há duas semanas o IBGE informou que 12 milhões de brasileiros não têm emprego, além de 4,7 milhões de cidadãos em situação de desalento e 40,2% do total da mão de obra economicamente ativa do país exercendo atividades informais.
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