Ameaçada de morte desde novembro de 2021, a deputada estadual por Minas Gerais, Andréia de Jesus (PSOL), foi surpreendida pela Polícia Militar do estado e pela Polícia Legislativa com a informação de que, a partir desta sexta (18), ela não terá mais escolta para protegê-la.
Uma das mensagens ameaçadoras recebidas por Andréia na época dizia: “Seu fim será como o de Marielle Franco”, ex-vereadora assassinada há quatro anos, no Rio de Janeiro, crime até hoje não solucionado.
Em novembro do ano passado, Andréia passou a cobrar publicamente uma investigação rigorosa sobre 26 mortes que ocorreram durante operação policial contra o chamado novo cangaço, em Varginha (MG).
Um comunicado enviado à deputada pela polícia diz que o relatório de inteligência feito pela corporação concluiu que a escolta não é mais necessária.
Andréia, evidentemente, não concorda, principalmente porque, segundo ela, o próprio relatório policial deixa claro que os autores das ameaças não foram encontrados ou, sequer, identificados. Atualmente, ela comanda a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALEMG).
“Sem a garantia da nossa segurança é impossível ir aos lugares na qual devemos atuar”, afirma Andréia, em entrevista a Nataly Simões, no Alma Preta Jornalismo.
“Vemos grupos extremistas de direita crescendo no país”, afirma Andréia
A deputada faz um alerta: “A insegurança de viver com ameaças eu já convivo todos os dias, mas é importante lembrarmos que em períodos eleitorais também há um acirramento de ânimos e vemos comportamentos e grupos extremistas de direita crescendo no país. Esses grupos se organizam pelas redes, inclusive com ataques orquestrados, mas podem não se restringir a elas”, avalia.
Ela lembra que, na última semana, sofreu mais uma tentativa de intimidação ao visitar uma comunidade quilombola no norte do estado. Andréia foi ofendida e ameaçada por funcionários de um fazendeiro local e, segundo ela, a escolta foi imprescindível para garantir sua segurança.
“Eu me vi diante de capangas de empresários, que de forma extremamente agressiva me ofenderam e tentaram impedir minhas atividades como presidenta da Comissão de Direitos Humanos. Se eu não estivesse escoltada, minha integridade física estaria ainda mais ameaçada. Além disso, não sou só parlamentar, sou mãe, filha, irmã, ou seja, a falta de segurança afeta minha atuação como parlamentar, mas também afeta todos os que estão ao meu redor”, desabafa.