Brendon Alexander Luz da Silva, conhecido como Tota, de 21 anos, disse em depoimento à polícia que, mesmo tendo participado do espancamento que resultou na morte do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, está "com a consciência tranquila".
Ele é o homem que derruba o imigrante no chão e o imobiliza por vários minutos. Segundo informações do G1, Brendon, que é lutador de jiu-jitsu, contou à polícia que a briga começou porque ele pretendia defender o funcionário do quiosque conhecido como Baixinho.
O lutador trabalha há cinco meses na Barraca do Juninho, na Praia da Barra, que segundo ele pertence ao cabo da Polícia Militar Alauir Faria. Brendon acrescentou que conhecia Moïse de vista, mas não se falavam.
No dia do assassinato, ele relatou que estava no quiosque Biruta, vizinho ao Tropicália, e que ouviu uma confusão no estabelecimento do lado. Brendon disse que viu o congolês "metendo a mão no cooler" do quiosque e que tentou evitar.
O suspeito afirmou, ainda, que amarrou o congolês e somente voltou para ver se ele estava vivo após um cliente alertá-lo que Moïse não estava respirando. Brendon disse que tentou reanimar o congolês jogando água nos pulsos da vítima e fazendo massagem cardíaca, mas ele já estava morto.
Três presos
Além de Brendon, estão presos temporariamente pelo crime Fábio Pirineus e Aleson Cristiano. Os três aparecem nas imagens do espancamento de Moïse, no último dia 24, num quiosque da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Ao depor, todos negaram que quisessem matar o congolês.
Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, 27, outro suspeito pela morte de Moïse, disse em depoimento que “resolveu extravasar a raiva que estava sentindo” e que, por isso, bateu no congolês com um taco de beisebol. Ele afirmou à polícia que agiu motivado por raiva, porque a vítima estava bebendo muito e “perturbando há alguns dias”.
Aleson relatou que trabalhou com Moïse no quiosque Biruta, na Barra da Tijuca. Segundo ele, o estabelecimento pertence a um policial militar, que também foi intimado a depor.
O dono do quiosque Tropicália, local onde ocorreu o crime, disse em depoimento que o dispensou depois que Moïse apareceu embriagado no trabalho.
Familiares de Moïse negaram que ele fosse agressivo. Um deles disse que o congolês não costumava se envolver em brigas, que era tranquilo, brincalhão e comunicativo. Outro negou que ele fosse usuário de drogas e afirmou que Moïse era reservado e mantinha boas amizades.
O crime
Moïse foi, na segunda-feira (24), cobrar duas diárias no quiosque Tropicália, que fica próximo ao Posto 8, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Ele prestava serviços de ajudante de cozinha no local. A informação é da sua família.
Logo após ele chegar ao local, surgiram três homens, um deles com um taco de beisebol nas mãos, que o cercaram, o jogaram no chão e desferiram, pelo menos, 26 pauladas em Moïse, que continuou apanhando mesmo desacordado. As imagens podem ser vistas nas câmeras de segurança do quiosque.
Moïse foi encontrado morto, no chão, com as mãos e pés amarrados. De acordo com laudo do IML (Instituto Médico Legal), ele morreu em decorrência de traumatismos no tórax, com contusão pulmonar causada por ação contundente. O laudo diz ainda que os pulmões apresentavam áreas hemorrágicas de contusão e também vestígios de broncoaspiração de sangue.
Dono diz que não conhece agressores e nega dívida
Mais de oito pessoas já prestaram depoimento à DH (Delegacia de Homicídios da Capital). Um dos ouvidos foi o dono do quiosque, que não teve a identidade revelada. Ele negou envolvimento no crime e disse que estava em casa no momento da agressão que resultou na morte de Moïse.