A Corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) informou que abriu uma investigação para definir de quem foi a responsabilidade, no MP do Rio de Janeiro, pelos vazamentos de dados do caso das “rachadinhas” envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). A medida foi vista como um aparelhamento do órgão de controle e fiscalização dos ministérios públicos brasileiros, que indicaria uma tentativa de intimidação dos promotores que atuam no processo contra o filho do presidente.
Foi o corregedor do CNMP, Marcelo Weitzel, que acolheu a demanda imposta pelo rebento 01 do líder radical de extrema direita, sobre quem recaem acusações de ficar com parte dos salários de servidores de seu gabinete quando Flávio era ainda deputado estadual no Rio. O documento despachado por Weitzel determina que se identifique o autor do vazamento para veículos jornalísticos de um documento chamado “Informação Complementar, confeccionado pela Divisão de Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro e à Corrupção (DLAB), da Procuradoria de Justiça fluminense, no qual constava o parecer da Assessoria Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça.
Rafael Schwez Kurkowski, André Bandeira de Melo Queiroz e Marcelo José de Guimarães Moraes serão os auxiliares-corregedores que formarão a comissão de sindicância, que poderá, caso se identifique o autor dos vazamentos, instaurar Processos Administrativos Disciplinares (PADs), ou então, na hipótese de não se encontrar um culpado, arquivar o procedimento.
Os dados aos quais tiveram acesso diversos veículos de imprensa mostram as atividades financeiras suspeitas de várias pessoas ligadas ao então deputado estadual Flávio Bolsonaro, o que poderia sugerir que essas movimentações de alguma maneira estivessem relacionadas às acusações de cometer as “rachadinhas”, tecnicamente chamadas de crime de peculato.
O procedimento instaurado pelo CNMP é visto como outro triunfo para o senador de extrema direita que é primogênito do presidente Jair Bolsonaro, sobretudo porque a decisão da 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de anular as decisões do juiz Flávio Itabaiana, titular da 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, responsável pelo caso, mantêm ocultadas as evidências colhidas até então contra o parlamentar, a quem se acusa, assim como outros membros do clã político, de operar um esquema que pode ter movimentado até R$ 3 milhões.