VIOLÊNCIA

Baderna bolsonarista: Mulheres são agredidas por golpistas em bloqueio no PR

Há vários relatos de agressões e ofensas em pessoas que tentam transitar em frente ao 34º Batalhão de Infantaria do Exército em Foz do Iguaçu

A advogada Lilian Veridiane da Silva foi alvo de ofensas e agressões.Créditos: Reprodução de Vídeo
Escrito en BRASIL el

A ação de golpistas bolsonaristas ganha contornos cada vez mais violentos. A Fórum recebeu mais denúncias de pessoas que moram em Foz do Iguaçu (PR), vítimas da fúria dos apoiadores do presidente derrotado nas eleições.

A advogada Lilian Veridiane da Silva foi uma das agredidas, quando tentava trafegar em frente ao 34º Batalhão de Infantaria do Exército do município, no domingo (27).

Querem nos calar! A Fórum precisa de você para pagar processos urgentes. Clique aqui para ajudar.

Os criminosos colocavam as bandeiras em frente aos carros bloqueando parcialmente a passagem quando ela tentava passar pelo local. “Eles pediam para buzinar. Fiz sinal com a mão que não iria buzinar e eles jogaram uma quantidade enorme de água no meu rosto”, contou.

Lilian relatou que precisou parar seu automóvel. “Perdi o controle da direção quando jogaram água. Além disso, esmurraram meu carro e me ofenderam”. 

A advogada saiu do veículo, mas foi intimidada pelos revoltosos. Pediu ajuda para os guardas municipais, mas eles disseram para ela ir embora, porque não havia efetivo suficiente para o atendimento. Lilian tem certeza de que muitas outras pessoas que passam pelo local diariamente são vítimas do ódio dos bolsonaristas, sendo que já tem notícias de pelo menos mais duas mulheres agredidas nesse mesmo dia

Ressalte-se que os manifestantes gravaram as humilhações em questão e divulgaram em grupos de extrema direita, sendo que, logo após o ocorrido, Lilian começou a receber ligações da família e de amigos desesperados e preocupados com sua segurança, pois já tinham recebido os vídeos em questão. Assim, teve sua imagem exposta e ridicularizada pelos manifestantes. 

Após conseguir se livrar da situação ameaçadora, Lilian entrou em contato com o chefe da Guarda Municipal e pediu providências, “ao menos que fosse lavrada a ocorrência, porque eu ia dar continuidade nos procedimentos legais para punição dessas pessoas. O responsável foi muito receptivo e relatou que entrou em contato com os guardas que estavam no local solicitando que lavrassem o FAOC, que é o boletim de ocorrência da Guarda Municipal em Foz”, destacou.

“Na terça-feira (29), quando fui buscar o FAOC, constatei que foi lavrado de maneira genérica junto com a situação que envolveu os ocupantes de outro veículo, os quais foram agredidos com ovos. No documento consta que as pessoas que estavam passando provocavam e xingavam os manifestantes, que reagiam, quando não houve qualquer provocação ou ofensa de minha parte aos manifestantes, tudo que ocorreu foi que me neguei a buzinar. Pelo que consta no FAOC, a gente sai da condição de vítima, humilhada, e vai para a condição de criminoso. Não ocorreu isso em momento algum. Estou solicitando às autoridades responsáveis a retificação desse FAOC, porque é inaceitável que, além da agressão já sofrida, da exposição de minha imagem, da negativa de auxílio policial no local, ainda seja descrita como desordeira ou criminosa”,  descreveu.

Lilian reclamou, ainda, que o trajeto é caminho, pois ela mora próximo ao local, mas não há condições de transitar. Ela, inclusive, evita passar pelo local, pois os manifestantes já conhecem seu veículo. “Por conta da agressividade, tenho que mudar o caminho que faço há mais de cinco anos”, lamentou.

“Além disso, se nota certo descaso de diversas autoridades que deveriam agir de ofício diante da gravidade da situação., Os vídeos foram enviados às autoridades competentes no município, que relatam que somente pode ser feito algo em nível estadual ou federal. Por vezes, em vez de proteger, a vítima é criminalizada, como aconteceu comigo na lavratura do FAOC. Não tem como continuar essa situação”, acrescentou a advogada.

Atitudes violentas e denúncias se repetem no local

As atitudes violentas são recorrentes no local. Jonilaine Nunes dos Santos, devido à repercussão dos vídeos onde a imagem de Lilian aparece sendo humilhada pelos manifestantes, a procurou e disse que, também no domingo (27), foi agredida com ovos dentro do carro, inclusive ferindo sua perna. Ela se dirigiu à Polícia Civil e fez o BO.

“No início da tarde, fui passar por lá. Estava com duas meninas no carro. Estávamos rindo e, de repente, senti algo que parecia uma pedrada. Fui direto para a delegacia, mas lá eles me trataram tipo ‘que saco’. Não fiz nada. Pedi para ele ver meu caro e não foi. Falei da minha perna e ele nem ligou. Não sei para onde correr. Todo mundo que você vai procurar é bolsonarista. Isso não é brincadeira. Já mataram um. Foi um ovo, poderia ter sido um tiro. A revolta é grande”, ressaltou Jonilaine.