PRAIA GRANDE (SP)

VÍDEO: Por "som alto", cantor é brutalmente agredido pela GCM com mata-leão; "achei que ia morrer"

Victor Ribeiro, músico de 27 anos que toca em barzinhos na cidade de Praia Grande, chegou a ser internado após as agressões que envolveram ainda spray de pimenta

Victor Ribeiro, jovem músico de Praia Grande, é brutalmente agredido pela GCM.Créditos: Reprodução
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Um jovem cantor de Praia Grande, na Baixada Santista (SP), foi brutalmente agredido por guardas civis municipais na última terça-feira (15). Ele foi abordado por agentes da GCM enquanto tocava violão e cantava com um grupo de amigos no calçadão da praia no bairro Boqueirão, por volta das 21h. 

Vídeos obtidos pela Fórum e divulgados nas redes sociais mostram as agressões. Os guardas dispararam spray de pimenta contra Victor Ribeiro, de 27 anos, e seus amigos, e aplicaram um mata-leão contra o jovem que se apresenta em barzinhos da cidade. Nas imagens, é possível ver que Victor de debate tentando respirar enquanto um dos guardas aplica o golpe de estrangulamento. 

À reportagem da Fórum, o jovem músico relatou que estava com os amigos cantando e tocando violão no calçadão e tinha sob sua posse uma caixa de som que utiliza para suas apresentações musicais. O equipamento, segundo ele, estava desligado, e um guarda teria o abordado dizendo para não ligar a caixa. Victor conta que acatou a ordem do GCM e seguiu cantando e tocando com seus amigos, mas logo depois a Guarda Civil voltou com reforço e atacou o grupo, tentando apreender seu equipamento. 

"Chegaram pegando meu equipamento, jogando spray, sem prestar atenção se tinha criança... Eu já estava com spray na minha cara, tentando secar, segurando minha caixa, meu violão. Tem um momento que ele puxa a caixa, bate na minha cabeça, e aí um outro policial me pegou no mata-leão, outro tentando me algemar e outro jogando spray", detalhou Victor à Fórum

"Ele me deu um mata-leão de 1 minuto e 40 segundos mais ou menos. Teve um momento que soltaram bomba de gás que achei até que eu tinha tomado um tiro. Meu corpo travou. E eu continuava batendo no braço do cara para ele me soltar, eu estava sem ar (...) Eu estava quase morrendo, de verdade. Mordi um pedaço da boca para não perder a consciência. Pensei que eu nunca mais veria a minha mãe", disse o jovem, que é filho único. 

Assista vídeo que mostra um dos momentos da agressão

Após a agressão, Victor foi conduzido à delegacia, onde foi registrado um boletim de ocorrência por "perturbação do sossego". Além de ter a caixa de som apreendida pela GCM, o músico ainda levou uma multa no valor de R$ 700. Na quarta-feira (18), o jovem músico, segundo relata, chegou a ser internado, pois sofre de epilepsia e teria tido espasmos. Ele recebeu alta no mesmo dia. 

Victor Ribeiro afirma que já está em contato com advogados e que pretende acionar a Justiça contra a prefeitura de Praia Grande, responsável pela Guarda Civil Municipal. 

Outro lado 

Em nota enviada à Fórum, a prefeitura de Praia Grande, responsável pela GCM, informou que Victor Ribeiro "resistiu às orientações, tentando impedir que a caixa fosse apreendida, sendo necessário ser 'contido' pelos guardas". 

Leia a íntegra da nota. 

"A Prefeitura de Praia Grande informa que uma equipe da Guarda Civil Municipal (GCM) estava em patrulhamento na noite de terça-feira (15) pela orla da praia e abordou um grupo que utilizava uma caixa de som com o volume extremamente alto, infringindo o Código de Posturas e legislação específica municipais. A equipe orientou sobre a proibição, tendo o proprietário baixado o volume momentaneamente. Porém, quando a equipe deixava o local, ele voltou a aumentar o volume. A equipe abordou o rapaz novamente, informando que diante do descumprimento a caixa seria apreendida, conforme determina a lei. O rapaz resistiu às orientações, tentando impedir que a caixa fosse apreendida, sendo necessário ser contido pelos guardas, inclusive com o uso de algema, conforme Súmula Vinculante 11, decreto 8858/16, do Supremo Tribunal Federal. A situação atraiu outros populares e causou uma confusão no local. A caixa de som foi apreendida, uma vez que infringia a legislação municipal, e os envolvidos foram encaminhados à Central de Polícia Judiciária (CPJ) onde o delegado tomou as providências. Por fim, é importante frisar que enquanto o detido esteve sob a custódia dos guardas municipais não foi necessário atendimento médico, constando tal informação no boletim de ocorrência da GCM. De acordo com a Secretaria de Saúde (Sesap), na tarde de quarta-feira (16), dia seguinte à ocorrência, o rapaz chegou a procurar atendimento na UPA Quietude, porém evadiu-se do local. O comando da corporação observa ainda que conta com Corregedoria interna e eventuais irregularidades a respeito da conduta de seus integrantes são devidamente apuradas"