A Corregedoria da Caixa Econômica Federal denunciou o ex-presidente da estatal, Pedro Guimarães, por crimes de assédio sexual e abuso de poder cometidos contra funcionários. O relatório será enviado ao Conselho Administrativo da estatal e outras condutas de Guimarães e seus aliados devem ser os próximos alvos do órgão. O caso também é investigado pelo Ministério Público do Trabalho.
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Segundo o documento da Corregedoria da Caixa divulgado na noite desta terça-feira (25) no Jornal Nacional, da TV Globo, “com base fatos relatados pelos entrevistados e depoentes, corroborados com elementos de prova, há indícios de práticas irregulares de índole sexual. E que valendo-se da condição de presidente da empresa, as irregularidades teriam sido praticadas de forma reiterada e das mais variadas formas de expressão (física, gestual ou verbal)”.
Pedro Guimarães foi acusado de assédio sexual por várias funcionárias do banco público no último mês de maio e, quando as acusações chegaram aos meios de comunicação no mês seguinte, ele deixou o cargo. Junto com Guimarães, outros cinco vice-presidentes também renunciaram. “É comum ele pegar na cintura, pegar no pescoço. Já aconteceu comigo e com várias colegas. Ele trata as mulheres que estão perto como se fossem dele. Ele já tentou várias vezes avançar o sinal comigo. É uma pessoa que não sabe escutar não. Quando escuta, vira a cara e passa a ignorar. Quando me encontrava, nem me cumprimentava mais”, contou uma das vítimas.
Ainda de acordo com o relatório da Corregedoria da Caixa, Guimarães cometeu ações frequentes de abuso do poder, valendo-se de “atitudes constrangedoras, comportamentos agressivos, tratamento ríspido, submissão de empregados a práticas de humilhação e vexame, exposição, ridicularização, delegação de atribuições incompatíveis com as respectivas funções gratificadas exercidas, invasão da privacidade e esfera íntima, exigência para disposição em tempo integral, dentre outros”.
“Tem um padrão. Mulher bonita é sempre escolhida para viajar. Ele convida para as viagens as mulheres que acha interessantes”, falou outra funcionária sobre as “preferências” inconvenientes do economista.
Bolsonarista convicto, ele reverbera as conspirações ideológicas de seu ídolo, o que o fez ganhar proximidade com o núcleo central do poder em Brasília. O carioca Pedro Guimarães era um economista com longa carreira em instituições financeiras privadas, até o convite de Jair Bolsonaro (PL), logo após sua eleição, para assumir a gigante estatal de 161 anos, fundada ainda no Império.
O relatório ainda chama atenção para o ambiente de trabalho completamente degradante ao qual os servidores estavam submetidos. A Corregedoria aponta que havia “intensa violência psíquica e constante ameaça, sendo comum ações de retaliação, perseguição e isolamento, principalmente através de transferência de lotação e destituição de função gratificada”.
Para o órgão, é evidente que empregados de ambos os sexos foram atingidos. Enquanto as mulheres podia tornar-se potenciais vítimas a partir do momento em que demonstravam qualquer ato de resistência diante de condutas autoritárias ou investidas de caráter sexual, os homens poderiam ser alvos por conta de convicções político-ideológicas, posicionamentos pessoais, aparência, limitação física, orientação sexual ou por também resistir diante de condutas autoritárias.
*Com informações do Jornal Nacional, da TV Globo.