HEDIONDO

MPT pede R$ 80 milhões de indenização a herdeiro das Casas Bahia por esquema de tráfico humano

Saul Klein teve acusações de tráfico humano e abuso sexual confirmadas pelo Ministério Público do Trabalho em São Paulo; Magnata chegou a assumir que pagou R$ 800 mil por silêncio de vítimas

Saul Klein.Créditos: Reprodução
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O Ministério Público do Trabalho (MPT) de São Paulo pediu à Justiça uma indenização por danos morais coletivos de R$ 80 milhões para o filho e herdeiro do fundador das Casas Bahia, Saul Klein, apontado após dois anos de investigação por chefiar um esquema de tráfico humano, exploração sexual em condições análogas à escravidão e abuso sexual, incluindo vítimas menores de 18 anos. Todos os crimes listados pelo MPT estão incluídos na lista de crimes hediondos do Conselho Nacional do Ministério Público.

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Klein teria se beneficiado do seu poder econômico para enganar jovens de 16 a 18 anos com promessas de financiar suas carreiras de modelo, a fim de que participassem de “eventos” organizados em sítio de sua propriedade em Boituva, no interior de São Paulo. Suas vítimas viriam de situações sociais, econômicas e/ou familiares vulneráveis e, inebriadas pelas promessas de aparecerem em campanhas publicitárias, acabariam envolvidas em um esquema de prostituição e tráfico humano.

A indenização pedida pelo MPT diz respeito a denúncia de dano coletivo e não está vinculada a uma possível pena criminal ou a indenizações individuais que as vítimas porventura recebam no futuro. Os valores da indenização noticiada serão revertidos ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A defesa de Saul Klein afirma que ele é vítima de um esquema de extorsão.

Uma ex-funcionária do magnata chegou a afirmar para a imprensa que o herdeiro abusaria de 200 a 230 mulheres diferentes por ano. Ela ainda relatou que os abusos se davam em péssimas condições e que foi uma das vítimas. Outra vítima disse que tentou o suicídio e confirmou alguns detalhes “sórdidos à imprensa. "Eu tinha 17 anos. Uma mulher atrás de mim tirou meu vestido, me levou para o banheiro, me deu um tubo de xilocaína, me mandou agachar e introduzir o [conteúdo do] tubo no ânus. Fui para o quarto e, ali, ele começou tudo. Quando terminou, eu só chorava".

Segundo depoimentos das vítimas, Klein forçava sexo oral, machucava as garotas com as unhas longas e as obrigava a ver filmes de estupro infantil. As jovens participaram de um esquema de aliciamento, que começava com a promessa de um trabalho como modelo e logo ganhava contornos de um jogo de manipulação psicológica e financeira que incluía violências sexuais.

Também faziam parte do esquema a ginecologista Silvia Petrelli e o cirurgião plástico Ailthon Takishima, que frequentavam a casa de Saul para atender às garotas. Eles prescreviam remédios para os machucados delas e se responsabilizavam pelo tratamento de doenças venéreas, transmitidas por Saul, que se recusava a usar camisinha.

"Todo o mundo lá pegou HPV. Ele tinha clamídia e queria ter relação mesmo assim", afirmam as vítimas. Muitas delas choravam, se recusavam a ter relações sexuais com o filho do fundador das Casas Bahia e uma chegou a tentar se matar. Em um relato difícil de se ler, ela contou que Saul a estuprou ainda com os pontos.

O acusado afirmou em depoimento à Justiça de São Paulo, em 2019, que firmou contratos de confidencialidade com pelo menos três garotas. Segundo reportagem de Pedro Lopes, no Universa, o empresário se comprometeu a pagar R$ 800 mil para cada em troca de silêncio.

*Com informações de O Globo.