A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) parece que resolveu ignorar as recentes e frequentes críticas que vem recebendo de Jair Bolsonaro (PL). Em meio aos ataques do presidente, a agência deu encaminhamento a mais uma pauta desagradável ao chefe do Executivo.
O Diário Oficial da União publicou, nesta sexta-feira (7), a autorização do 10º produto medicinal à base do extrato vegetal da cannabis sativa. Dessa vez foi o produto fitoterápico Greencare Pharma, com 79,14 mg/ml, de acordo com o blog de Lauro Jardim, em O Globo.
Bolsonaro já ironizou o uso de medicamentos à base de canabidiol, alegando que “maconha pode, cloroquina não”, e também ameaçou vetar o uso de derivados da planta.
O presidente voltou a atacar a agência, nesta quinta-feira (6). Ele duvidou da honestidade do órgão por ter aprovado a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra Covid-19 e chamou quem defende a imunização de “tarados por vacinas”.
Bolsonaro abusa da ignorância e continua agredindo a Anvisa
"A Anvisa virou outro poder no Brasil. É a dona da verdade, dona de tudo. Agora, já falam até em terceira dose para crianças de 5 a 11 anos”, disse Bolsonaro.
Ele continuou os ataques: “A Anvisa, lamentavelmente, aprovou a vacina para crianças entre 5 e 11 anos de idade. A minha opinião, quero dar para você aqui: a minha filha de 11 anos não será vacinada. E você tem que ler o que foi feito ontem no Ministério da Saúde, o encaminhamento disso daí, para você decidir se vai vacinar o seu filho de 5 a 11 anos ou não”, disse, repetindo a ladainha que a “Pfizer não se responsabiliza por efeitos colaterais”.
Mostrando a habitual ignorância em relação aos próprios dados do governo, Bolsonaro indagou: “Eu pergunto, você tem conhecimento de alguma criança de 5 a 11 anos que tenha morrido de Covid? Eu não tenho”, disse.
Informações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI), que municia o próprio Ministério da Saúde, mostram que o país contabilizou a morte de 301 crianças entre 5 e 11 anos em consequência do coronavírus desde o começo da pandemia até 6 de dezembro. O dado corresponde a 14,3 óbitos por mês ou um a cada dois dias.