O presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta quarta-feira (5) uma lei que proíbe determinados tipos de tatuagem para quem quiser ingressar na Marinha do Brasil. Com o país em escombros, a economia travada, a pandemia da Covid-19 e o surto de H3N2 e desastres naturais causados pelas chuvas em várias regiões, o presidente da República dedicar-se na volta ao trabalho a um tema tão irrelevante chega a ser constrangedor.
O texto colocando em vigor esclarece que para os futuros candidatos a uma vaga nesta força militar serão proibidas tatuagens que façam menção a qualquer "ideologia terrorista ou extremista contraria às instituições democráticas". Vale lembrar que Bolsonaro elogia abertamente a Ditadura Militar (1964-1985), período em que as Forças Armadas impuseram um regime autoritário ao Brasil, assaltando a democracia e os poderes do Estado. Até pouco tempo ele manobrava à luz do dia para promover um golpe.
As restrições também se aplicam a tatuagens com teor ofensivo às Forças Armadas ou que façam alusão à criminalidade, à ideia ou ato libidinoso, à discriminação e ao preconceito de raça, credo, sexo ou origem. Também não serão aceitos candidatos com tatuagens na cabeça, parte anterior do pescoço e no rosto.
O relator do texto no Senado Federal, que inclusive fez alterações no teor da nova legislação, o senador bolsonarista Marcos do Val (Podemos-ES), justificou a importância da discussão porque para ele "militares devem primar pela boa apresentação".
Do Val é conhecido por seu discurso armamentista e ultrarreacionário. Ex-instrutor de tiro da SWAT norte-americana, o parlamentar capixaba é aliado de primeira hora das pautas mais absurdas de Jair Bolsonaro e foi um dos maiores e mais ativos negacionistas durante a CPI da Covid.