A cada nova decisão tomada pelo governo de Jair Bolsonaro para inviabilizar a vacinação infantil contra a Covid-19 no país fica uma pergunta: Qual é o limite?
Ao que parece, ainda não chegamos à fronteira final dos absurdos, já que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, chefiado por Damares Alves, também entrou na onda de emitir notas técnicas esdrúxulas em defesa de posições obscurantistas e anticientíficas. A cereja do bolo ficou por conta da decisão da ministra de disponibilizar o Disque 100, disque-denúncia do governo federal voltado para receber informações relacionadas a violações aos direitos humanos, para que aquele antivacina que se sentir discriminado notifique o Estado.
Parece piada, mas não é.
A nota foi concluída e publicada em 19 de janeiro e tem a assinatura de três secretários e um diretor do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, além da chancela de Damares, que passou a distribuir internamente o documento, para outras pastas federais, dois dias depois.
Como é habitual, o governo deu uma justificativa para tomar a medida absurda. Segundo a pasta de Damares, a decisão de disponibilizar o disque-denúncia veio após a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos receber muitos contatos relatando “discriminação” por parte de pessoas que optaram por não se vacinar.
Medo de sobrecarga
Técnicos e servidores do Disque 100 afirmaram, reservadamente, que estão receosos de que a orientação baixada na nota técnica do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos possa desencadear um congestionamento ou sobrecarga no sistema, já que apoiadores do presidente que militam na causa antivacina poderiam passar a realizar telefonemas em massa para o órgão, que foi concebido com outra finalidade e não estaria preparado para a enxurrada de reclamações de bolsonaristas que não acreditam nos imunizantes.