O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o aumento salarial que seria dado a policiais federais, rodoviários federais e do Departamento Penitenciário Nacional está suspenso. A informação foi dada na noite desta quarta-feira (19) durante uma entrevista para a Jovem Pan News, emissora fortemente ligada ao governo extremista do ex-capitão do Exército.
“Estamos aguardando selar as transações. Ou seja, a gente pode aí fazer justiça com três categorias. Não vai fazer justiça com as demais, sei disso. Mas fica aquela velha pergunta a todos, né: vamos salvar três categorias ou vai todo mundo sofrer no corrente ano? O tempo vai dizer como a gente vai decidir. O que eu não quero é que a gente passe por cometer injustiça perante o servidor público”, disse o ocupante do Palácio do Planalto, assumindo que o reajuste não virá, mas fazendo malabarismo com as palavras para tentar passar a impressão de que não estava voltando atrás mais uma vez.
“Há uma grita de maneira geral porque a intenção inicial foi essa, sim, não vou negar, reservar algum reajuste para os policiais federais, os policiais rodoviários federais e o pessoal do Depen. E, então, isso está suspenso”, confirmou o líder radical na sequência.
Reações desde o anúncio do aumento
O esforço de Jair Bolsonaro para pressionar o Congresso e turbinar o salário da Polícia Federal (PF) no Orçamento de 2022 provocou reações. Delegados e chefes de divisão da Receita Federal pediram demissão em massa.
A decisão foi motivada depois de cortes nos recursos previstos, inicialmente, para o Ministério da Economia. A verba deverá ser utilizada para viabilizar o reajuste de policiais.
Segundo informações do Sindicato Nacional dos Auditores (Sindifisco), foram 283 pedidos de exoneração até o momento. Em alguns estados, todos os delegados se demitiram: São Paulo, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Paraíba.
“Não é carta de intenção. É pedido de exoneração efetivo. Isso significa que o órgão de arrecadação do país puxou o freio de mão. Vamos esperar uma solução, mas enquanto isso há um caos administrativo”, declarou o presidente do Sindifisco, Kleber Cabral, em entrevista à CNN Brasil.
Servidores públicos federais de diversas categorias se reuniram nos últimos dias de 2021 para discutir maneiras de pressionar o Palácio do Planalto por reajuste salarial depois de anunciado aumento apenas para policiais federais, rodoviários federais e do Depen.
O Fórum dos Servidores Federais (Fonasefe) informou ser possível que uma paralisação geral comece em breve. “Ela pode se iniciar antes da data do retorno do recesso parlamentar, em 2 de fevereiro de 2022”, informou o grupo que reúne entidades representativas de diversas carreiras públicas.