Apesar de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter estabelecido restrições às operações policiais no Rio de Janeiro durante a pandemia através da ADPF 635, a Região Metropolitana do Rio teve mais de três baleados a cada 24 horas em 2021 nessas operações, em média.
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Dados do relatório anual de Instituto Fogo Cruzado mostram que a pandemia não foi capaz de conter a violência policial. Segundo o estudo, 3 a cada 4 chacinas na Região Metropolitana foram em ações/operações policiais.
A população do Grande Rio enfrentou 4.653 tiroteios em 2021, uma média de 13 por dia. Ao todo, 2.098 pessoas foram baleadas. Destas, 64% (1.342) foram atingidas em operações da polícia - um média de mais de três baleados a cada 24 horas nessas operações.
Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado, destaca a falta de planejamento das ações policiais. “Sem planejamento, inteligência, responsabilidade e a devida fiscalização do Ministério Público, que tem entre suas funções o controle externo da atividade policial, não haverá mudanças. Pelo contrário, este ano, o GAECO, grupo que investigava excessos e má conduta policial, foi extinto. Hoje há apenas um grupo menor e temporário fazendo parte do trabalho. Quem se preocupa com estas famílias e com o futuro destas crianças e adolescentes?”, questiona.
O Grande Rio viveu 61 chacinas em 2021, entre elas a mais letal da história: a chacina do Jacarezinho. Foram 28 mortos na operação. Dois policiais foram denunciados pelo Ministério Público pelos crimes de homicídio doloso e fraude processual.
"Em comparação com 2020, que concentrou 44 chacinas com 170 mortos, houve aumento de 39% nos casos e de 50% nas mortes. 33 das chacinas ocorridas em 2020 foram em ações e operações policiais", destaca o instituto.