Após três anos de um fracasso retumbante nas relações internacionais, à frente de uma política de enfrentamento gratuito e sem objetivos às potências estrangeiras e a aliados históricos, o presidente Jair Bolsonaro anunciou seu próximo tour pelo exterior: o Suriname e a Guiana, duas pequenas repúblicas localizadas em meio à floresta amazônica que ficam no norte da América do Sul.
Na pauta dos encontros que ocorrerão nas duas capitais vizinhas, Paramaribo e Georgetown, respectivamente no Suriname e na Guiana, Bolsonaro tratará de questões energéticas, já que o segundo país poderia realizar uma parceria com o Brasil para expandir sua rede de distribuição para o estado de Roraima, fronteiriço com a ex-colônia britânica, e única unidade federativa brasileira que não está conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN). O território roraimense depende há anos da energia gerada na Venezuela, país insultado e demonizado pelo líder extremista brasileiro por conta de sua tresloucada visão ideológica ultrarreacionária de mundo.
Em termos econômicos, os dois países mantêm uma balança comercial irrisória com a maior nação do continente. O Brasil exportou apenas US$ 38,5 milhões para o Suriname em 2021 e importou inexpressivos US$ 1,2 milhão, enquanto que com a Guiana os números, ainda insignificantes, foram um pouco maiores: US$ 111,7 milhões em exportações e US$ 6,8 milhões em importações.
A visita de estado do atual ocupante do Palácio do Planalto foi uma das poucas opções que sobraram ao político radical após as agressões fortuitas praticadas por ele próprio e por sua chancelaria a países vizinhos da América do Sul, sobretudo por questões relacionadas a eleições locais, assim como foi resultado das hostilidades com países da União Europeia, com a China e com os EUA, a quem se manteve profundamente subserviente durantes os anos de governo de Donald Trump.
Após a derrota do magnata para Joe Biden, atual residente da Casa Branca, a diplomacia brasileira comprou uma irracional briga contra os resultados eleitorais de lá e passou a se afastar da única nação com quem manteve estreitos laços desde o início do mandato de Bolsonaro, em janeiro de 2019.