O professor Marcos Rogério Jesus Chagas, de Bauru (SP), que é coordenador da subsede da Apeoesp, entidade que representa os professores da rede estadual de São Paulo, foi procurado por um policial militar em sua residência e na escola onde leciona para ser pressionado a suspender ou adiar a manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro, que ocorrerá na cidade no Dia da Independência. O agente de segurança não apresentou qualquer documento e segue sem identificação até o momento.
Segundo Chagas, o PM foi primeiro à sua casa, no momento em que ele não se encontrava, e foi atendido por sua esposa. No local, o militar, aparentemente num ato falho, disse à companheira do professor que o marido deveria cancelar o protesto marcado para 7 de setembro porque ‘a gente’ já estaria organizando uma manifestação em defesa do presidente. Militares de qualquer tipo são proibidos por lei no Brasil de se envolver em questões políticas.
Como o sindicalista não estava, após a conversa com a esposa, o PM resolveu ir até a escola pública onde o professor dá aulas e lá solicitou à direção que retirasse o docente de sala para então comunicar pessoalmente a ele a ordem.
“Primeiro ele solicitou o cancelamento do ato, depois pediu a mudança. Expliquei a ele que não era o organizador, que não tinha como tomar essa decisão, que era algo definido por entidades, organizações e partidos, e ainda assim ele insistiu alegando que já tinha uma manifestação marcada para data”, contou Chagas à reportagem da Carta Capital. A conversa terminou com um ultimato: o agente impôs o cancelamento ou adiamento do protesto, sem escutar os argumentos do membro da Apeoesp.
Após a intimidação, entidades que organizam a manifestação contra Bolsonaro resolveram mudar o local do evento, que passará a ser realizado em frente à Câmara de Vereadores de Bauru. Sindicalistas e integrantes de movimentos sociais confirmaram que a alteração foi por razões de segurança, já que passaram a temer algum tipo de represália contra o professor após o episódio.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo foi procurada para se manifestar sobre a conduta do PM e até agora não deu respostas sobre o ocorrido.