O governo de João Doria (PSDB), por meio da secretaria estadual da Educação de São Paulo, promoveu um evento, nesta sexta-feira (30), que gerou forte aglomeração. Cerca de 4 mil diretores de escolas estaduais estão reunidos em Serra Negra, no interior paulista, para discutir a implementação do "novo Ensino Médio".
Os gestores de ensino foram convocados pela secretaria de Educação para o evento que começou na quarta-feira (29) e vai até sexta-feira (1), com hotel e alimentação custeados pela pasta.
O encontro tem se dado em um local fechado e imagens do evento desta sexta-feira mostram uma forte aglomeração e desrespeito ao distanciamento social. No comunicado encaminhado aos diretores de ensino sobre o evento, a secretaria de Educação informou que somente pessoas vacinadas com ao menos 1 dose da vacina contra a Covid poderiam comparecer, que o uso de máscara é obrigatório e que as aglomerações estariam proibidas.
Não é isso, no entanto, que mostram imagens recebidas pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).
O sindicato se posicionou contra a realização do evento de forma presencial, visto que os profissionais da educação estariam "expostos à contaminação pela Covid-19". Por este motivo, a presidenta da Apeoesp, deputada estadual Professora Bebel (PT), já havia entrado com uma representação no Ministério Público de São Paulo (MP-SP) questionando a promoção do encontro. Nesta quinta-feira (30), Bebel anexou as imagens que comprovam o desrespeito às medidas sanitárias no documento enviado ao MP.
"Rossieli [Rosseli Soares, secretário estadual de Educação] não deveria gastar tempo e dinheiro público para realizar um evento desse tipo, sobretudo em meio a uma pandemia. Ao convocar gestores para esse encontro presencial de grandes proporções, em local fechado e sem o devido distanciamento, como mostram as imagens que recebemos, o secretário Rossieli, mais uma vez, ignora as quase 600 mil mortes provocadas pela covid no Brasil", afirma a deputada.
À EPTV, afiliada da Globo no interior paulista, o secretário de Educação minimizou as críticas do sindicato. "Os diretores de ensino são fundamentais pra discutir essa mudança. Esse momento é fundamental para a educação. Existe muita hipocrisia, as pessoas que reclamam vão às praias, vão a protestos. A gente faz semanalmente reuniões online, mas o online não substitui o presencial. Essa decisão é meramente técnica. As pessoas que estão aqui sabem que isso é necessário", declarou.
Na representação protocolada junto ao MP, a Apeoesp pede que o órgão cobre explicações do governo paulista.
"Como os jornais vem relatando, os casos de Covid-19, após semanas de queda, voltaram a subir em todo o Estado de São Paulo, e este aumento decorre das aglomerações registradas em eventos e viagens, além do alívio em algumas medidas restritivas que foram retiradas por cidades e pelo Estado de São Paulo nos últimos meses", diz um trecho da ação.