A Polícia Federal comunicou à Justiça que tem claros indícios de que equipes do Ministério da Saúde fizeram pressão para que o governo liberasse o pagamento antecipado de R$ 20 milhões, em 2018, à empresa Global, ligada à Precisa Medicamentos, relacionado a um contrato que tratava do fornecimento de drogas de alto custo destinadas a pacientes portadores de doenças raras, mas que jamais foram entregues pela companhia ao SUS. À época, o ministro responsável pela pasta era o deputado licenciado Ricardo Barros (PP-PR), atualmente líder do governo Bolsonaro na Câmara e pivô do escândalo Covaxin.
Segundo uma representação da PF destinada ao Judiciário, depoimentos de servidores do Ministério da Saúde apontam que pressões para a liberação do pagamento antes da entrega dos medicamentos eram exercidas por membros da equipe de Ricardo Barros e até pelo próprio ministro.
As informações serviram de base para a realização na última terça-feira (21) da Operação Pés de Barro, que investiga transações fraudulentas na compra de medicamentos de alto custo pelo Ministério da Saúde entre 2016 e 2018, período em que Barros era o titular da pasta.
O atual líder do governo na Câmara dos Deputados nega qualquer envolvimento com as transações criminosas e alega que sequer é investigado no processo. "Na minha gestão no Ministério promovi uma economia superior a R$ 5 bilhões com a renegociação de contratos, compras de medicamentos e insumos. Todos os valores foram reinvestidos no SUS. São processos que afrontaram grandes interesses, mas promoveram mais serviços à população", disse o parlamentar por meio de uma nota oficial.