O presidente Jair Bolsonaro resolveu, mais uma vez, se isentar pela responsabilidade da crise que assola o país e colocar na conta da população mais sacrifícios, como deixar de tomar banho quente para economizar energia elétrica.
"Se puder apagar uma luz na tua casa apaga, eu peço por favor. Não use elevador. Tomar banho é bom, mas se puder tomar banho frio é muito mais saudável, ajuda o Brasil. A gente pede a Deus que agora em novembro, final de outubro, venha chuva para valer no Brasil. Para que a gente não tenha problema no futuro, que podemos ter problema no futuro", disparou o chefe do Executivo durante live nesta quinta-feira (23).
Especialistas do setor elétrico vem alertando o governo Bolsonaro há meses sobre a crise hídrica e os riscos de apagão no país. O governo, entretanto, não tomou medidas para evitar o problema, e agora os cortes de energia elétrica voltam a ser registrados em diferentes regiões do país e a possibilidade de blackouts é grande.
"Até faço um pedido para você agora. Se tem uma luz acesa a mais na tua casa, por favor apague. Nós estamos vivendo a maior crise hidrológica dos últimos 90 anos. Se você puder apagar uma luz na tua casa, se puder desligar o teu ar condicionado. Se não puder —está com 20 graus?— passa para 24 graus, gasta menos energia", disse ainda o presidente.
Assista ao trecho.
Manifestação contra aumento da conta de luz
Em meio à crise econômica, o agravamento da fome e os sucessivos aumentos nos preços de combustíveis, gás e alimentos, o governo Bolsonaro, no início de setembro, impôs um novo aumento na tarifa de energia elétrica, sob a justificativa da crise hídrica – apesar de especialistas apontarem que o governo federal já havia sido alertado sobre a escassez e possibilidade de apagões e nada fez.
Este cenário tem deixado famílias que já eram vulneráveis em situação insustentável e, pensando nisso, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) promoverá manifestações em São Paulo, na próxima semana, contra as tarifas abusivas de energia elétrica.
Serão dois atos: nas agências ENEL Distribuição São Paulo localizadas em Santo Amaro e São Miguel Paulista.
“A reivindicação organizada pelo MAB denuncia os altos preços da energia elétrica, que têm afetado principalmente a população de baixa renda. Os paulistanos têm relatado que desde julho de 2020 têm sofrido grandes aumentos nas tarifas, chegando contas de mais de R$1.000,00 para famílias de baixa renda. Só no mês citado, o Procon recebeu mais de 40 mil reclamações de usuários. No entanto, a empresa apenas tem oferecido o parcelamento do pagamento, sem explicar as causas do aumento nem realizar a devolução do dinheiro”, diz comunicado do movimento.
Com a nova bandeira tarifária implementada pelo governo federal, houve aumento de R$ 14,20 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumido, impactando o orçamento das famílias.
“Muitas das famílias comentam que, com o aumento das tarifas, têm deixado de comer para ‘não ficar no escuro'”, relata o MAB.
Nova bandeira tarifária
A conta de luz está mais cara desde o dia 1º de setembro. O governo reajustou a bandeira tarifária que cobrava R$ 9,49 por cada 100 kWh consumidos, passando o valor para R$ 14,20. A alta é de 49,6%.
No mês de junho a energia elétrica já havia sofrido um forte reajuste de mais de 50%, passando de R$ 6,24 por cada 100 kWh para os atuais R$ 9,49. Segundo a Aneel, o aumento que entrará em vigor a partir de amanhã (1°) elevará em média 6,78% as contas dos consumidores domésticos no país, embora o percentual varie de acordo com o local do fornecimento. Na região metropolitana de São Paulo, a Enel, concessionária responsável pela distribuição de luz, no último aumento, em junho, subiu a tarifa acima da média nacional, impondo aos paulistas que vivem na Grande São Paulo um reajuste de 11,58% na ocasião.
Inflação nas alturas
Os gastos dos brasileiros só têm aumentado durante o governo Jair Bolsonaro. Para se ter uma noção do descontrole dos preços, só em agosto, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) marcou 0,89%, o maior desde 2002, além de 9,3% no acumulado dos últimos 12 meses. Vivem em condições precárias por conta da perda de poder de compra, a população com menor renda vem deixando de comer arroz, feijão, carne, peixe e outros itens.
Os números da alta de preços são impressionantes: 12,29% nos ovos, 17,15% no café; 31,31% nas carnes, 36,89% no arroz, 78,75% no óleo de soja, 31,11% no gás de cozinha, 39,12% na gasolina, 52,77% no etanol e 20,86% na conta de luz, resultando num aumento de 33% no gasto geral dos trabalhadores.
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