A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) divulgou uma longa nota, nesta quinta-feira (2), em que presta apoio ao professor Jaime Teixeira, presidente da Federação de Trabalhadores em Educação do Mato Grosso do Sul (Fetems).
Teixeira revelou que, no último dia 30 de agosto, foi alvo de uma ação orquestrada de bolsonaristas com o objetivo de intimidá-lo. Em vídeo divulgado nas suas redes, é possível ver dezenas de motoqueiros parados na porta da casa do professor acelerando e soltando fogos. Para o educador, trata-se de um “método fascista” para intimidá-lo contra sua atuação política.
A CNTE considera que o episódio "foi exatamente a reverberação das palavras do presidente [Bolsonaro] nas ações de populares.
"Em um momento de intenso incremento de armas circulando no meio da população, um grupo de motociclistas se aglomerou em frente à casa do presidente da maior entidade sindical de trabalhadores do Estado de Mato Grosso do Sul para, única e exclusivamente, intimidar a ação política da FETEMS", diz um trecho da nota da entidade.
"Os/as educadores/as de todo o país estão atentos a esse caso, irão levá-lo e reverberá-lo em todos os espaços nacionais e internacionais a que temos acesso para que isso não se repita. Ações de intimidação são atitudes típicas de regimes autoritários, em especial quando feitas contra lideranças sociais e políticas", completa a CNTE.
Confira a íntegra da nota ao final desta matéria.
A denúncia
Através das redes sociais, o professor Jaime Teixeira divulgou um vídeo que mostra a tentativa de intimidação dos motoqueiros bolsonaristas.
“No dia 30 de agosto, segunda-feira, infelizmente em pleno ano 2021, sob o governo Bolsonaro, o método fascista bateu na porta da minha residência. Todavia, não vou me curvar ao fascismo, não porque não me preocupo com minha integridade física e de minha família. Não me curvarei porque no Brasil, que a maioria dos brasileiros acreditam, não cabe o banditismo fascista e motorizado. Aos companheiros de jornada e militância só posso reafirmar: Continuem contando comigo na luta por um Brasil justo, solidário e democrático", escreveu.
Medidas de segurança
Por conta da ameaça contra o professor Jaime Teixeira e com o clima de tensão que deve marcar os atos do 7 de setembro, o presidente da Fetems e o deputado estadual Pedro Kemp (PT) foram à Secretaria De Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) para expor ao secretário, coronel Ary Carlos Barbosa, a preocupação com possíveis conflitos nos atos de 7 de setembro e o pedido de reforço policial.
“Nós defendemos todo e qualquer ato democrático e independente das diferenças de pensamento político, entendemos que os profissionais da segurança poderão contribuir para que o fluxo do trânsito e os atos que contarão com a presença de crianças e jovens transcorram da melhor maneira possível”, disse Kemp ao EnforqueMS.
Nota da CNTE
"Todo apoio ao Professor Jaime Teixeira, presidente da FETEMS, intimidado por motociclistas
Às vésperas do 7 de setembro, um agrupamento de motociclistas tenta intimidar a ação da maior entidade sindical de trabalhadores do Estado de Mato Grosso do Sul
Na ditadura cívico-militar que se abateu sobre o Brasil durante os anos de 1964 a 1985, o político mineiro Pedro Aleixo cunhou a famosa frase que traz em si, até os dias de hoje, enorme sabedoria política: “o problema é o guarda da esquina”. A frase foi dita na reunião presidida pelo então Presidente General Costa e Silva quando da decisão, em dezembro de 1968, da adoção do Ato Institucional nº5 (AI 5), a mais cruel de todas as investidas da ditadura contra o povo brasileiro, quando se autorizaram perdas de mandatos parlamentares, intervenções em Estados e municípios e perseguição cruel a adversários políticos, com prisões arbitrárias e assassinatos clandestinos.
Após mais de 50 anos depois do fato transcrito acima, a incitação feita pelo atual Presidente Bolsonaro de que o próximo dia 07 de setembro no Brasil será um divisor de águas no país, fomentando atos de desrespeito às leis e ataques à adversários, nos remete, mais uma vez, àquela passado sombrio da ditadura de 1964. Ninguém se importa com as palavras toscas e agressivas de Bolsonaro, cada vez mais isolado, acuado e sem apoio do povo brasileiro. O problema, mais uma vez, como nos disse Aleixo em 1968, é o guarda da esquina.
O que se viu em Campo Grande/MS no último dia 30 de agosto foi exatamente a reverberação das palavras do presidente nas ações de populares. Em um momento de intenso incremento de armas circulando no meio da população, um grupo de motociclistas se aglomerou em frente à casa do presidente da maior entidade sindical de trabalhadores do Estado de Mato Grosso do Sul para, única e exclusivamente, intimidar a ação política da FETEMS (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul). Seu presidente Jaime Teixeira já denunciou o caso para as autoridades locais, indicando as práticas fascistas da ação.
O que cabe agora fazer é reverberar esse caso para além das fronteiras do Estado, o levando para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal e da Ordem dos Advogados do Brasil, à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, do Ministério Público Federal e, quiçá, essa situação de intimidação às ações dos/as trabalhadores/as em educação do Estado deve também ser denunciada no âmbito da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA. Exigimos do Governador Reinaldo Azambuja e do Prefeito Marcos Trad a apuração rigorosa dos fatos ocorridos. Não esperemos que aconteça uma tragédia para que ações sejam tomadas.
Os/as educadores/as de todo o país estão atentos a esse caso, irão levá-lo e reverberá-lo em todos os espaços nacionais e internacionais a que temos acesso para que isso não se repita. Ações de intimidação são atitudes típicas de regimes autoritários, em especial quando feitas contra lideranças sociais e políticas.
Todo apoio ao Professor Jaime Teixeira e a FETEMS! Não nos intimidarão jamais!
Brasília, 02 de setembro de 2021
Direção Executiva da CNTE"