Técnicos da Saúde falam em renúncia coletiva se Queiroga não retomar vacinação de adolescentes

Morte de adolescente de SP, usada pelo Ministério da Saúde para justificar a suspensão da imunização, não teve relação com a vacina contra a Covid

Marcelo Queiroga (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
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Membros da câmara técnica que compõem o Plano Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde se reuniram nesta sexta-feira (17) e deliberaram: se o ministro Marcelo Queiroga não retomar a vacinação contra a Covid de adolescentes, haverá renúncia coletiva.

Segundo a Folha de S. Paulo, os técnicos querem que Queiroga, além de retomar a vacinação, deixe claro que a decisão de suspendê-la foi tomada sem consultá-los.

Os membros da câmara técnica avaliam que não faz sentido eles continuarem em seus postos se o ministro toma decisões sem consulta prévia ao órgão, que existe justamente para isso. Esse corpo é composto por professores, especialistas e conselhos de secretários estaduais e municipais de Saúde.

Queiroga usou como justificativa para a decisão de suspender a vacinação em adolescentes a notícia da morte de um jovem em São Paulo que se imunizou com a dose da Pfizer.

Estudo comprova: morte não teve relação com a vacina

Uma análise conjunta realizada por 70 especialistas vinculados à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo concluiu nesta sexta-feira (17) que a morte do adolescente de 16 anos, morador de São Bernardo do Campo (SP), ocorrida oito dias após receber uma dose da vacina da Pfizer, foi provocada, na verdade, por uma doença autoimune rara chamada “Púrpura Trombótica Trombocitopênica”, sem qualquer relação com o processo de imunização ao qual havia sido submetido.

A morte do garoto, que não teve a identidade revelada, ocorreu em 2 de setembro, mas só no dia 15 do mesmo mês chegou ao conhecimento das autoridades sanitárias, por meio do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs). A partir daí, profissionais da área médico-científica passaram a analisar minuciosamente o ocorrido.

Ainda que doenças autoimunes possam reagir mal com imunizantes, no caso da vacina da Pfizer, que utiliza uma tecnologia denominada RNA Mensageiro, esse tipo interação está descartado.

Terrorismo

Marcelo Queiroga e o presidente Jair Bolsonaro aproveitaram a notícia da morte do adolescente para propagar suas teses negacionistas infundadas e fazer terrorismo psicológico com pais e adolescentes.

Por conta da informação precipitada, Queiroga emitiu uma nota técnica recomendando a suspensão da imunização em jovens entre 12 e 17 anos em todo o país.

Apesar do alarde, a maior parte dos estados manteve a vacinação dos adolescentes, ignorando a orientação do Ministério da Saúde, que soou como mais uma pirotecnia ideológica grotesca da ala bolsonarista que loteia boa parte da administração federal.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também se manifestou em relação à nota técnica do Ministério da Saúde e manteve a posição anterior ao caso, de dar sequência na vacinação destes jovens, sob o argumento que não havia indícios de que a dose da Pfizer aplicada no garoto de São Bernardo do Campo provocou sua morte. O parecer da Anvisa lembrou ainda que países cientificamente desenvolvidos, como Austrália, Canadá e EUA, seguem cumprindo o protocolo adotado aqui no Brasil.