Prisão de bolsonarista que torturou quilombola "não põe fim ao caso", diz Natália Bonavides

Deputada quer que jovem negro torturado tenha acompanhamento de órgãos públicos e defende criação de políticas para evitar novos casos do tipo

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O bolsonarista Alberan Freitas, comerciante que amarrou e espancou o jovem quilombola Luciano Simplício na cidade de Portalegre (RN), foi preso pela Polícia Civil na tarde desta sexta-feira (17).

O caso, ocorrido no último sábado (11), chocou o país a partir de vídeo que veio à tona na segunda-feira (13). Nas imagens, Alberan, que é bolsonarista, aparece pisando no jovem quilombola Luciano Simplício, que estava amarrado e implorando por ajuda.

A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), que tem acompanhado o caso de perto desde que as imagens vieram à tona, afirmou à Fórum que a responsabilização de Alberan é "importante", mas salientou que somente sua detenção "não põe fim ao caso".

“É importante não esquecermos que a prisão do comerciante bolsonarista que espancou Luciano não põe fim ao caso. Ao mesmo tempo que é importante que ele seja responsabilizado, é também fundamental que Luciano tenha o devido acompanhamento dos órgãos da assistência social”, declarou.

“O aprimoramento e a criação de políticas que evitem que coisas do tipo voltem a acontecer é algo que da mesma forma não pode sair do nosso horizonte”, prosseguiu a parlamentar.

Na última terça-feira (14), Natália Bonavides e a vereadora Brisa Bracchi, do PT de Natal, se reuniram com representantes da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), da Secretaria de Estado das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos e movimento negro para discutir o caso do quilombola torturado.

À Fórum, Aércio de Lima, da coordenação nacional da Conaq, informou que, na reunião, foi encaminhada a criação de um grupo de trabalho de combate ao racismo que, a princípio, vai acompanhar, com advogados, o caso de Luciano Simplício e que, posteriormente, vai seguir atuando em prol do combate à discriminação.

Na quarta-feira (15), por iniciativa da vereadora Brisa Bracchi, a Câmara Municipal de Natal aprovou uma moção de repúdio à tortura sofrida por Simplício.

“A luta contra o racismo é um trabalho diário e incansável, até que todos tenham liberdade e tenham suas vidas respeitadas pela sociedade. Desta forma, casos como o que ocorreu na Cidade de Portalegre ensejam repúdio total da sociedade para que jamais voltem a acontecer. Neste sentido, além da apuração pelas autoridades policiais, é necessário que esta casa se posicione, enquanto representantes do povo, repudiando os atos racistas praticados contra o senhor Luciano e que se estende a toda a comunidade quilombola”, escreveu a petista.

Já nesta quinta-feira (16) a deputada estadual Isolda Dantas (PT-RN) informou que solicitou ao governo estadual a criação de uma Delegacia de Polícia Especializada em Crimes de Racismo e Intolerância Religiosa.

"A criação desta delegacia para a investigação de crimes raciais é algo que já dialogamos com o Estado. Os casos desta semana reforçam o porquê ela é tão importante", afirmou.