Em entrevista ao Estadão publicada nesta sexta-feira (10), a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) revelou detalhes de como o presidente Jair Bolsonaro faz jus à fama de quem não gosta de trabalhar.
Bolsonarista arrependida, Joice era líder do governo na Câmara e tinha trânsito entre o alto escalão do Palácio do Planalto. Segundo ela, Bolsonaro tem até uma cama em uma "salinha da soneca" no prédio oficial do governo.
“Ele [Bolsonaro] tem uma caminha dentro do Palácio. Tem a sala dele da Presidência oficial, tem uma salinha do lado onde ele come, almoça, toma café e ele mandou botar uma cama num quartinho ao lado e fez um 'quartinho de soneca'. Ele dorme! Ele dorme todo dia dentro do Palácio do Planalto", contou.
"É um negócio surreal, se você pegar a agenda oficial dele e contar quantas horas ele desempenha o papel dele, além de ficar enchendo a paciência nas redes [sociais], dão no máximo duas horas por dia para decidir nada", completou a parlamentar.
A deputada é rompida com Bolsonaro desde o final de 2019. De lá para cá, se tornou um dos principais alvos doe ataque gabinete do ódio bolsonarista. Na mesma entrevista ao Estadão, Joice reforçou seu arrependimento em ter apoiado o atual presidente revelou que se sentia como uma namorada que acredita na mudança do namorado.
"Eu me sentia às vezes aquela mulher, aquela namorada que sabe que tá namorando um traste mas que não quer ver; aí você pensa assim: 'não, eu vou mudar ele, eu vou mudar, eu vou mudar'. Eu acho que muitos de nós, mais ou menos, podemos fazer essa analogia: ‘não, ele vai aprender a dialogar, nós vamos assessorar o Presidente, ele vai mudar em alguma coisa’. Ele não mudou em nada, só mostrou mais as garras e os dentes”, declarou.
"Ele é realmente louco, desequilibrado, não consegue conviver com as diferenças, não consegue conviver com alguém que o confronte minimamente, com diferença de opiniões e nem com diferenças de sexo, de gênero. Não consegue, é demais para ele", continuou a arrependida.
Como de praxe, a deputada não deixou de criticar Bolsonaro sem fazer menção ao PT, chamando o presidente de "Dilmão", e revelou que, se soubesse o que o atual chefe do Executivo se tornaria, teria votado em Geraldo Alckmin (PSDB) ou João Amoêdo (Novo) no primeiro turno da eleição presidencial de 2018.