O Conselho Universitário (Consun) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) decidiu nesta sexta-feira (13) aprovar a deposição de Carlos André Bulhões, reitor escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro em setembro de 2020. A chapa de Bulhões foi a menos votada na eleição feita na universidade, por isso tem sido considerado como "interventor".
Em reunião realizada nesta sexta, o Consun aprovou a deposição do reitor por 59 votos favoráveis, 7 contrários e 5 abstenções. O conselho alegou que Bulhões se recusa a acatar decisões colegiadas e, por isso, optou pela deposição. O interventor não estava presente.
O processo agora segue para o Ministério da Educação. Apesar de a deposição precisar da chancela do presidente Jair Bolsonaro, a continuidade de Bulhões fica duramente afetada.
O sindicato dos trabalhadores da universidade, Assufrgs, comemorou o resultado. "A comunidade da UFRGS deu o seu recado! Esta é uma mensagem clara contra a intervenção na UFRGS! Agora iremos cobrar do MEC! O desejo da comunidade deve ser respeitado! Viva a unidade dos trabalhadores e estudantes! Viva a democracia e a autonomia universitária! Fora interventores!", disse em postagem no Facebook.
O Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFRGS disse que seguirá mobilizado. "Esse é um importante passo na luta contra as intervenções em todo o Brasil. A decisão agora cabe ao MEC, e seguiremos mobilizando os estudantes para pressionar o ministério a cumprir a decisão da maioria da comunidade universitária. Os e as representantes do DCE da UFRGS foram parte ativa da articulação desta vitória desde o início da gestão dos interventores. No dia de hoje, estivemos em vigília em frente à reitoria pressionando pela aprovação da proposição de destituição. Seguiremos mobilizados até a vitória completa contra Bolsonaro e Bulhões/Pranke", afirma a entidade.
A União Nacional dos Estudantes também usou as redes para celebrar a decisão. "A luta contra as intervenções de Bolsonaro nas federais segue em todo o país! Pela defesa da autonomia universitária! Reitor eleito, reitor empossado!", tuitou.
A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), que chegou a protocolar projeto na Câmara para impedir a nomeação do interventor, foi outra que celebrou. "Decisão acertada do Conselho da UFRGS, q acaba de aprovar resolução pela destituição do Reitor e Vice, nomeados por Bolsonaro. No início da pandemia, protocolei PDL que sustava esta nomeação autoritária. Aliás, a ditadura acabou. Hoje tem vez a democracia e a autonomia universitária", tuitou.