As investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, mostram que o ex-capitão do Bope, Adriano da Nóbrega, convocou uma reunião com milicianos no dia seguinte ao crime.
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A revelação foi feita pelo miliciano Jorge Alberto Moreth, o Beto Bomba, à Polícia Civil, e confirmada por pelo menos outras duas pessoas, entre elas a viúva de Adriano, Júlia Emílio Lotufo, em delação ao Ministério Público do Rio de Janeiro.
Segundo reportagem de Lola Ferreira, no portal Uol nesta quinta-feira (12), Adriano, que liderava o escritório do crime e tinha mãe e irmã empregadas no gabinete de Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), teria realizado a reunião em uma padaria e cobrado outros milicianos sobre o assassinato de Marielle.
De acordo com duas testemunhas, o miliciano, morto em fevereiro de 2020, queria saber se algum aliado estava envolvido no crime. Júlia Lotufo disse que o marido pediu "explicações" aos milicianos sobre o assassinato.
A reunião também foi mencionada por Ronnie Lessa, ex-PM que foi preso por efetuar os disparos que mataram Marielle e Anderson, em conversa encontrada em seu celular.
"Tu sabe que eu nunca gostei de me meter. Aquele dia que tu me falou o negócio lá que eles estavam reunidos no dia da, da morte lá da vereadora, que eles ficaram lá no, tu me falou isso no Rio das Pedras, o que eu falei pra tu? No Rio das Pedras não, no, no Quebra-Mar, que que eu falei? Quero nem saber meu filho, não falei isso pra tu? Não quero nem saber dessa merda. Porra, sai fora meu irmão, eu não gosto nem de saber dessas coisas", disse.
Para a polícia, Lessa teria forjado o áudio como álibi para tentar se afastar do caso.