O coronel Helcio Bruno de Almeida, que depõe nesta terça-feira (10) na CPI da Covid, obteve liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) para ficar em silêncio. Mas, em seu discurso de introdução, afirmou que não tem relação com Cristiano Carvalho, Luiz Paulo Dominguetti, ambos representantes da Davati, e com o reverendo Amilton Gomes, da Senah.
Após fazer um relato biográfico, o coronel afirmou que, desde o início dos anos 2000, quando já estava na reserva, dedica a sua vida ao trabalho filantrópico com "ações na Amazônia e, principalmente, na África", onde percorreu 25 países.
Segundo o coronel, o Instituto Brasil surge em 2014 como objetivo de "levantar soluções para os problemas sociais, econômicos e políticos do país".
O instituto se formalizou em outubro de 2020, quando teve o seu estatuto aprovado e afirmou que o "IFB jamais recebeu dinheiro público, sendo mantido integralmente por doações de seus membros"
Sobre a reunião com o Ministério da Saúde, Helcio afirmou que ela foi feita via solicitação formal e também disse que não conhecia Cristiano Carvalho e Luiz Paulo Dominguetti
A respeito do encontro com o reverendo Amilton Gomes, do Senah, que ocorreu no dia 9 de março, o coronel afirmou que o Reverendo Amilton Gomes, que até então não conhecia, apareceu no IFB e foi nesse encontro que Gomes sobre falou sobre a empresa Davati e que ela teria uma grande oferta de vacinas que poderia ajudar as empresas privadas na vacinação, e pediu o compartilhamento de agenda, no caso, que pudessem participar da reunião do dia 12 de março.
"A reunião no Ministério da Saúde contou com a participação de 10 pessoas e seu teor foi integralmente registrado em ata de memória da secretara executiva". Segundo o coronel, a reunião durou 20 minutos e o IFB se ofereceu para ajudar a encontrar medidas que "pudessem acelerar a vacinação privada no país
"Jamais participei de reunião ou encontro no qual teria sido oferecida ou solicitava a vantagem indevida por quem quer que seja e também jamais estive presente em qualquer jantar com o senhor Luiz Paulo Dominguetti, muito menos naquele que teria ocorrido em 25 de fevereiro, até porque nessa data eu sequer o conhecia", disse.
Pressionado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), o coronel da reserva confirmou encontro com o Elcio Franco, apontado como o braço direito do então ministro da Saúde Eduardo Pazuello, mas negou relações pessoais.
Ainda sobre o coronel Élcio Franco, Almeida afirmou que nunca teve relação de amizade e que apenas o encontrou, eventualmente, em alguma solenidade militar "que não" se recorda. "Nunca frequentei a sua residência, não conheço a família e jamais almoçamos ou jantamos", disse.
Negacionismo e deboche
Apesar do discurso do coronel, os senadores confrontaram o Helcio Bruno com várias postagens do IFB e também publicações pessoais do militar da reserva contra as vacinas, outra que classificou o trabalho da CPI como “palhaçada” e por fim, uma que pedia a destituição de todos os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O senador Randolfe Rodrgues (REDE-AP) ironizou. “Veja só, a ministra (Cármem Lúcia) que o senhor queria destituir, lhe concedeu habeas corpus. Como é boa a democracia. O senhor é dos que conspira contra a democracia no Brasil. Que bom que está mudando de ideia”, disse Rodrigues.