O advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, foi acusado por Júlia Lotufo, viúva do miliciano conhecido como Capitão Adriano, de pedir para que ela mentisse sobre a motivação e as circunstâncias da morte do marido.
Chefe de milícia mais perigoso do Rio de Janeiro, Adriano da Nóbrega foi assassinado por policiais militares da Bahia, com auxílio de agentes da Polícia Civil fluminense em fevereiro de 2020, no município baiano de Esplanada, em circunstâncias ainda não muito claras.
As informações foram prestadas por Júlia no âmbito de seu acordo de delação premiada assinado com o Ministério Público do Rio de Janeiro, que posteriormente foi remetido à Procuradoria-Geral da República (PGR). A mulher alega que Wassef manteve contado o tempo todo durante o período de fuga do criminoso e também após a morte dele e que a pressionava muito para que apresentasse a versão de execução por motivos políticos.
O que causa estranhamento é o fato do advogado que defende os interesses da família presidencial interferir no caso de um miliciano que já havia sido relacionado ao senador Flávio Bolsonaro, seu cliente.
Wassef é uma figura vista com frequência no Palácio do Planalto e no Congresso Nacional, que ficou incumbido inclusive de esconder o ex-assessor Fabrício Queiroz, acusado de ser o operador do esquema das rachadinhas, encontrado num dos escritórios do advogado em Atibaia, interior de SP.
Fuga e morte na Bahia – Adriano da Nóbrega, ex-PM do Bope e comandante da milícia Escritório do Crime, a mais estruturada do Rio de Janeiro, era um dos bandidos mais procurados do Brasil. Ele foi monitorado por muito tempo pelos serviços de inteligência da polícia de seu Estado Natal, que descobriu que Capitão Adriano, como fora apelidado, estava escondido na Bahia.
Polícias fizeram então uma operação, com auxílio de agentes de unidades de elite locais, e o mataram num sítio em Esplanada, a 155 km de Salvador. A dinâmica da ação permanece sendo muito questionada, uma vez que não se sabe se Adriano realmente foi morto num confronto ou se foi executado. Por muito tempo ele foi apontado como um possível mandante da morte da vereadora carioca Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes.