O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), decidiu permitir a instalação de uma faculdade particular, criada por sócios do banco BTG Pactual, dentro da Universidade de São Paulo (USP). O projeto ficará, mais especificamente, no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), na Cidade Universitária.
As aulas devem ter início em fevereiro de 2022, com 250 alunos. O objetivo da instituição é contar com mais de mil estudantes até 2025., de acordo com informações de Emylly Alves, no Jornal do Campus.
Serão quatro cursos de graduação oferecidos pelo Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli): Engenharia da Computação, Engenharia de Software, Ciência da Computação e Sistemas de Informação. A USP já conta com três desses cursos.
A iniciativa, uma espécie de pontapé inicial para privatizar a USP, integra o projeto do governo tucano de criar o Vale do Silício da América Latina, transformando o IPT, que é vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico de São Paulo, em uma plataforma de empreendedorismo e inovação. O contrato tem duração de 15 anos.
“Tudo aquilo que for resultante dessa iniciativa será reinvestido aqui a partir do primeiro momento para que o projeto possa ser sustentável e durar décadas”, declarou Doria.
“Queremos formar futuros líderes e para isso vamos oferecer um ensino que vai além da computação, integrando ao currículo disciplinas como empreendedorismo, economia de mercado, estado de direito e sustentabilidade”, alegou André Esteves, sócio sênior do BTG Pactual.
Reação contrária
Logo que a notícia foi confirmada, o Centro Acadêmico de Matemática, Estatística e Computação (CAMat), entidade que representa os estudantes, se posicionou contra a instalação do Inteli na Cidade Universitária.
O CAMat divulgou uma nota para marcar seu posicionamento: “Por que levar para a USP, a um valor surreal, a pesquisa, sendo que somos o maior centro de pesquisa do Brasil? Por que não investir esse valor nos nossos pesquisadores?”, questionou a entidade.
Depois disso, em assembleia geral intercampi da USP, foi aprovada uma carta elaborada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) também contrário ao projeto. O documento foi assinado por mais de 40 entidades estudantis de diversos campi da universidade.
“Há anos nossa universidade atravessa batalhas contra o estrangulamento do orçamento para a pesquisa e, em um momento de extrema fragilidade para a educação, com todos os cortes a nível estadual e federal, o governo do estado aprofunda o processo de privatização dos serviços e espaços públicos”, afirmou o texto.