84% dos brasileiros querem aumento de impostos de super-ricos para financiar políticas sociais, diz pesquisa

Levantamento do Datafolha feito para a Oxfam mostra um aumento crescente do apoio da população ao combate às desigualdades

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O agravamento da crise econômica e social, o aumento do preço dos alimentos e a alta taxa de desemprego vêm fazendo os brasileiros, cada vez mais, defenderem políticas de redução das desigualdades. É o que aponta a terceira edição da pesquisa "Nós e as Desigualdades", feita pela Oxfam, organização internacional que trabalha por soluções para os problemas da pobreza e injustiças, em parceria com o Instituto Datafolha, divulgada nesta segunda-feira (31).

Segundo o estudo, 84% da população no país defende o aumento dos impostos dos super-ricos para financiar políticas sociais, aumento de 7% com relação ao último levantamento da organização, feito em 2019.

A pesquisa aponta ainda que 56% da população acha que os impostos como um todo devem ser aumentados para que as políticas públicas sejam pagas, o que também representa um aumento: esse índice era de 31% no estudo anterior.

Para 86% dos brasileiros, de acordo com a pesquisa, o governo tem a obrigação de reduzir as desigualdades entre os pobres e os ricos e que o progresso do país está condicionado a esta redução. Além disso, a maior parte da população (62%) acredita que o auxílio emergencial deve ser mantido para as pessoas que o recebem hoje mesmo no caso da pandemia do coronavírus chegar ao fim.

“Isso revela que a população brasileira reconhece a importância do Estado e do financiamento de políticas públicas sociais por meio dos impostos que pagamos, principalmente no contexto da crise econômica e sanitária em que vivemos. A defesa do aumento dos impostos para os mais ricos é significativa também, demonstrando que a população brasileira quer medidas que reduzam as desigualdades. Essa percepção está alinhada com o debate público que vemos atualmente no Brasil e globalmente. Não estamos isolados em relação ao mundo nessa questão, outros países têm refletido também sobre esse anseio para que os mais ricos contribuam mais para a solução dos problemas econômicos, sociais e sanitários", afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.

O levantamento foi feito entre os dias 7 a 15 de dezembro de 2020 e contou com entrevistas com 2.079 pessoas de todo o país. A margem de erro é 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. Confira a íntegra aqui.

Propostas

Um estudo sobre a tributação, feito pela Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco) e apresentado recentemente a lideranças do Congresso Nacional elenca 8 medidas a serem adotadas, entre elas o aumento dos impostos dos 0,3% mais ricos do país, que pagam proporcionalmente menos tributos que as demais pessoas, além da isenção da carga tributária dos mais pobres e pequenas empresas, que permitiriam aumentar em mais de R$ 292 bilhões ao ano a arrecadação brasileira.

"Tributar os super-ricos é o melhor caminho para superar a atual crise, seja do ponto de vista fiscal, social e até mesmo moral. O retrato do Brasil atual é desolador, com quase 120 milhões de brasileiros vivendo em insegurança alimentar, sem a certeza do prato de comida na mesa. Precisamos enfrentar de vez a desigualdade em nosso país", afirma Charles Alcantara, presidente da Fenafisco.

Confira a íntegra do estudo aqui.