O youtuber Felipe Neto, considerado um dos maiores influenciadores digitais do mundo, se posicionou nesta quarta-feira (7) contra o projeto de lei (PL 948/2021) aprovado nesta terça-feira (6) na Câmara dos Deputados. A proposta, que ainda deverá passar pela chancela do Senado, visa dar a empresários o direito de comprar vacinas contra a Covid-19 para vacinar seus funcionários, o que na prática criaria um esquema privado de imunização.
O projeto vem sendo classificado pela oposição como uma medida de "fura-fila", que criaria uma espécie de "camarote vip" da imunização, já que empresários poderiam adquirir vacinas antes que grupos prioritário fossem vacinados dentro do Plano Nacional de Imunização (PNI).
Felipe Neto, que também é empresário, concorda com as críticas e propõe expor "amplamente" os donos de empresas que furarem a fila da vacinação. "Todo empresário q comprar vacina antes, utilizando o projeto fura-fila, deverá ser exposto e amplamente divulgado. Que isso fique muito claro. Se os políticos não impedirem esse projeto criminoso, cabe a nós resistir", declarou o influenciador.
A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) endossou o youtuber. "Concordo plenamente, se o povo não tomar providência, nós não temos como impedir apenas com nossos votos. Máquina mortífera funcionando, daqui a pouco teremos mais de 5 mil óbitos/dia", escreveu a parlamentar.
Parte do meio empresarial não bolsonarista também está insatisfeito com o projeto. Eduardo Sirotsky Melzer, CEO e fundador da empresa de investimentos EB Capital, por exemplo, afirmou que "quando chegar a minha vez, vou tomar a vacina no SUS. Precisamos nos unir para solucionar o problema da vacinação contra a covid-19 no Brasil", usando a hashtag #diganãoàfiladupla.
O empresário e apresentador Luciano Huck foi na mesma linha: "Eu vou tomar a vacina quando chegar a minha vez no SUS. #diganãoàfiladupla".
"Camarote"
Em entrevista à Fórum, o ex-ministro da Saúde, médico e deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) criticou duramente a proposta que permite a empresas comprar vacinas fora do Plano Nacional de Imunização (PNI). “Isso é um escândalo, uma tentativa de uma certa elite empresarial que tem valores escravocratas de querer criar o camarote privado das vacinas”, disse.
Segundo o parlamentar, a ideia defendida pelos empresários bolsonaristas e que ganhou o apoio de Lira e também do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, “é ainda mais escandalosa” devido ao fato de que a proposta já havia sido barrada no Congresso. “Aprovamos um projeto que até permite a participação do setor privado, mas que só pode fazer a vacinação privada depois que os grupos prioritários do SUS tenham sido atendidos”, detalhou.
“Se for aprovada essa lei, um dono de banco que tem 50 anos, 60 anos, vai poder ser vacinado antes que um idoso que tem 70 anos de idade. Se for aprovada essa lei, o dono do banco vai ser vacinado antes que o professor, que o agente de segurança”, alertou.